O canal de denúncias como pilar da cultura de confiança

Em um cenário onde colaboradores ainda têm medo de falar sobre problemas internos, o canal de denúncias deixou de ser uma exigência legal para se tornar uma das principais ferramentas de construção de confiança organizacional.

Mas o que faz um canal realmente funcionar, e não ser apenas um item simbólico de espaço seguro?

Na roda de conversa que aconteceu no dia 25/05/2025, Matheus Fernandes e Rafaela Frankenthal abordaram sobre como usar o canal de denúncias como um aliado na construção de uma cultura de confiança.

Neste artigo, você vai encontrar um resumo dessa roda de conversa e entender:

  1. Como está o cenário da confiança no ambiente corporativo.

  2. Como o canal de denúncias fortalece a cultura de confiança.

  3. Quais práticas tornam o processo mais transparente.

  4. Como o RH pode usar dados e tecnologia para gerar credibilidade e segurança psicológica.


Acesse o conteúdo completo da roda de conversa!

Veja tudo o que foi abordado, incluindo exemplos práticos, dúvidas reais de profissionais de RH e dicas de especialistas sobre como fortalecer a confiança organizacional.

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O desafio da confiança no ambiente corporativo

O cenário corporativo atual revela uma crise de confiança assustadora:

  • Apenas 25% dos funcionários se sentem seguros para levantar preocupações sem medo de retaliação (Gartner).

  • 72% acreditam que líderes mentem ou omitem informações (Barômetro da Confiança — Edelman).

Essa falta de segurança psicológica revela um ambiente de silêncio organizacional, onde o medo impede que problemas cheguem até o RH. 

A confiança é a base para o engajamento e a produtividade. Cultivá-la é essencial para proteger tanto as pessoas colaboradoras quanto as empresas e garantir a atração e retenção de talentos.

Sem confiança, não há diálogo e sem diálogo, não há gestão de cultura nem prevenção de riscos.

Por que o canal de denúncias é uma ferramenta estratégica de confiança

O canal de denúncias é mais do que uma obrigação da Lei 14.457/2022 (Programa Emprega + Mulheres) e da NR-1. Quando bem estruturado, ele funciona como um instrumento de cultura e transparência, um espaço seguro onde as pessoas colaboradoras podem falar sem medo.

1. Um canal de escuta, não apenas de denúncia

O nome “canal de denúncias” muitas vezes cria resistência. Mas o objetivo central não é punir, é ouvir e compreender o que está acontecendo na cultura organizacional.

Quando bem comunicado, o canal funciona como um termômetro ético da empresa, revelando não só casos de má conduta, mas também padrões de comportamento, falhas de liderança, ruídos de comunicação e tensões culturais.

Essas informações são valiosas para o RH e para a alta gestão, porque permitem agir antes que pequenos sinais se tornem grandes crises.

2. Confiar é o primeiro passo para falar

O canal de denúncias tende a refletir o nível de confiança da empresa. Quando há medo de retaliação, a ausência de relatos não indica que “tudo está bem”, indica silêncio e desconfiança.

Por outro lado, quando o canal começa a ser usado, isso significa que as pessoas acreditam que serão ouvidas e tratadas com respeito.

Por isso, o canal precisa ser estruturado e comunicado de modo que a confiança seja construída ao longo do tempo. Isso envolve clareza sobre:

  • Quem recebe os relatos;

  • O que acontece após o envio;

  • Como o anonimato é garantido;

  • E quais são as consequências (ou não) para quem denuncia.

Cada resposta transparente a um relato é um investimento de credibilidade.

Ter um canal de denúncia já comunica para a organização que você quer que as pessoas se manifestem sobre problemas de conduta. Mas a mensagem é passada por um conjunto de ações, não só pela existência do canal.

3. Do anonimato à transparência: o ciclo da maturidade

No início, o anonimato é o que sustenta o canal, é o primeiro degrau da confiança. Ele permite que as pessoas testem o sistema, observem as respostas e avaliem se realmente há segurança.

Com o tempo, à medida que a empresa demonstra coerência entre discurso e prática, a tendência é que os relatos identificados aumentem.

Esse movimento natural, de relatos anônimos para identificados, é um dos principais indicadores de amadurecimento cultural.

Significa que o canal deixou de ser apenas um recurso de proteção e passou a ser um espaço legítimo de diálogo organizacional.

4. Confiança não se terceiriza: ela se comunica e se pratica

Mesmo o canal mais tecnológico do mundo não gera confiança se a comunicação for distante ou burocrática.

É papel do RH e da liderança educar continuamente sobre o propósito do canal, explicar que ele existe para proteger pessoas e a cultura, e não para “caçar culpados”.

Isso inclui:

  • Inserir o canal de denúncias em conversas sobre valores e cultura.

  • Divulgar casos (sem expor pessoas) que mostrem o comprometimento da empresa com a integridade.

  • Mostrar resultados e melhorias decorrentes das denúncias.

  • Valorizar quem contribui com relatos, reforçando que falar é um ato de cuidado com o coletivo.

Em outras palavras: confiança não se impõe, se conquista, com consistência e coerência.

5. Um ativo estratégico de cultura e reputação

Quando o canal é tratado como um processo de engenharia organizacional, e não apenas um mecanismo de compliance, ele fortalece a reputação da marca empregadora.

Empresas que escutam e agem com transparência são percebidas como seguras, éticas e maduras tanto por colaboradores quanto pelo mercado.

Além disso, o canal de denúncias é uma fonte poderosa de inteligência cultural. Os dados coletados, tipos de relatos, frequência, temas recorrentes, permitem identificar riscos culturais e padrões de comportamento, gerando insumos para treinamentos, políticas e decisões estratégicas mais eficazes.

Boas práticas para um canal de denúncias confiável

Ter um canal é fácil, entretanto, construir confiança em torno dele exige consistência. Essas são algumas boas práticas que fortalecem a credibilidade do processo:

1. Comunicação clara e acessível: explique como o canal funciona, quando ele deve ser usado e o que acontece após o relato. Evite jargões jurídicos e use uma linguagem empática e inclusiva.

2. Transparência e acompanhamento: mostre que há um fluxo de apuração estruturado e que cada relato é tratado com seriedade. Você pode compartilhar dados sobre o canal (tipos de casos, volume, resoluções), isso reforça o comprometimento.

3. Garantia de anonimato e proteção contra retaliação: as pessoas precisam estar seguras de que não serão expostas. O anonimato é muito importante no início, até que, com o tempo, a empresa conquiste credibilidade suficiente para receber relatos identificados.

4. Padrão e consistência: ter processos padronizados de triagem e apuração reduz vieses e demonstra profissionalismo e imparcialidade.

5. Educação contínua: realize treinamentos para líderes e colaboradores em temas como ética, assédio, discriminação e o papel do canal de denúncias. Falar sobre esses assuntos abertamente é o que normaliza o uso da ferramenta.

Como medir a confiança: o Índice de Confiança Ativa

Pesquisas de clima e métricas tradicionais, como o eNPS, ajudam a entender a satisfação ou engajamento, mas não captam o que realmente define uma cultura saudável: o nível de confiança ativa entre pessoas e organização.

É nesse ponto que surge o Índice de Confiança Ativa (ICA), é uma metodologia desenvolvida pela Safe Space para quantificar a confiança organizacional de forma prática, dinâmica e contextual.

O Índice de Confiança Ativa é uma abordagem em duas camadas que combina o que as pessoas fazem com o que elas sentem. Ele nos dá uma visão completa, unindo dados comportamentais (muitas vezes anônimos) com dados de percepção.

Esse índice mede justamente essa disposição para o diálogo e a transparência, e o canal de denúncias é o principal termômetro dessa relação.

Como o índice é construído

O ICA combina dados quantitativos e qualitativos para oferecer uma leitura precisa da maturidade cultural da organização. Ele integra três dimensões principais:

  1. Uso do canal de denúncias

    • Frequência e regularidade dos relatos;

    • Proporção entre relatos anônimos e identificados;

    • Tempo médio de resposta e de apuração;

    • Tipos e categorias de casos relatados.

      Esses dados mostram se o canal é percebido como seguro e funcional.

  2. Percepção de segurança e transparência

    • Resultados de enquetes e pesquisas internas sobre confiança, justiça e escuta;

    • Sentimento dos colaboradores sobre a coerência entre discurso e prática;

    • Grau de clareza nas comunicações de RH e compliance.

      Aqui, a confiança é captada de forma subjetiva, pela voz das pessoas.

  3. Ações e respostas institucionais

    • Tempo e qualidade das devolutivas aos relatos;

    • Existência de políticas e treinamentos sobre conduta;

    • Consistência nas decisões de apuração.

      Medir confiança também é medir como a empresa responde ao que ouve.

O canal de denúncias é o núcleo do Índice de Confiança Ativa, porque revela comportamentos reais, e não apenas percepções. Ele traduz o que as pessoas fazem quando precisam falar, e não apenas o que dizem nas pesquisas.

Por exemplo:

  • Um alto número de relatos anônimos pode indicar baixo nível de confiança, mas também disposição para testar o sistema.

  • Já o aumento gradual de relatos identificados mostra que a confiança está se consolidando.

  • A ausência total de relatos, por outro lado, raramente é um sinal positivo, muitas vezes indica medo, apatia ou descrença.

Esses indicadores, quando analisados ao longo do tempo, revelam o ciclo de maturidade da confiança organizacional.

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A SafeSpace ajuda empresas a implementar e gerir canais de denúncias com segurança, inteligência e empatia.

Nossa solução combina tecnologia, dados e IA (com a assistente Sonia) para apoiar RHs e líderes na prevenção, apuração e gestão de casos de forma humanizada.

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