Burnout e o papel do Compliance na prevenção da síndrome
A síndrome de burnout, também chamada de síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio emocional caracterizado pelos sintomas de exaustão extrema, estresse crônico e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante.
O termo burnout já não é mais uma expressão desconhecida para os profissionais em idade ativa de trabalho. Afinal, o Brasil é hoje o segundo país com o maior registro de casos da síndrome do esgotamento, de acordo com a International Stress Management Association (Isma).
Dos 100 milhões de trabalhadores brasileiros, 30% foram afetados pela síndrome de burnout no país, ou seja, 30 milhões de pessoas colaboradoras já adoeceram por causa de acontecimentos ou condições de trabalho desgastantes e altamente estressantes no ambiente profissional.
Diante desses números, é possível concluir que as empresas precisam de diretrizes fortes para criar jornadas de trabalho produtivas, respeitando os limites dos funcionários e mantendo um clima organizacional sadio.
Por isso, além de gerenciar as regras anticorrupção, de segurança de dados e as práticas de ESG, a gestão de Compliance também deve definir e monitorar as diretrizes relacionadas à saúde mental do ambiente de trabalho, afinal isso é parte do gerenciamento de riscos em uma companhia.
Mas de que maneira o Compliance pode ajudar a diminuir casos de burnout nas empresas?
Neste artigo, explicaremos o que é burnout, apresentaremos a importância do Compliance atuar em prol da saúde mental e elencaremos propostas de ações focadas na prevenção da síndrome no ambiente de trabalho.
O que é síndrome de burnout?
A síndrome de burnout, também chamada de síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio emocional caracterizado pelos sintomas de exaustão extrema, estresse crônico e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante. A definição é do Ministério da Saúde.
Além do excesso de trabalho, a pressão diária, a competitividade e a cobrança de responsabilidades são fatores de risco que aumentam as chances de ocorrência da síndrome nas empresas.
Em janeiro de 2022, o burnout foi incluído na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11), pela Organização Mundial da Saúde, como um fenômeno ocupacional.
Ou seja, a síndrome do esgotamento é oficialmente uma consequência das práticas de trabalho abusivas que afetam diretamente a saúde mental. A CID-11 caracteriza as consequências do burnout em três dimensões:
Sentimentos de esgotamento ou exaustão de energia;
Maior distanciamento mental do trabalho ou sentimento de negativismo ou cinismo relacionado à prática profissional;
Redução da capacidade profissional.
Com a inclusão na CID, pessoas colaboradoras têm os direitos trabalhistas e previdenciários definidos na legislação (ex: licença remunerada, auxílio doença) garantidos caso sofram de burnout, assim como acontece com outras doenças ligadas ao trabalho.
Burnout e Compliance: um elo fundamental na gestão
Burnout é uma consequência das práticas de trabalho abusivas que afetam diretamente a saúde mental.
Sua empresa já causou algum burnout?
Essa é uma pergunta difícil, mas necessária para avaliar a qualidade do ambiente organizacional.
As pessoas que trabalham e movem uma empresa são ativos valiosos e, por isso, mantê-las funcionais, motivadas e engajadas com sua evolução profissional gera ganhos para o negócio.
Quando a gestão de Compliance volta seu olhar para a saúde mental e problemas como o burnout a mensagem para a equipe fica clara: o trabalho pode até cansar, mas nunca ser um motivo para o adoecimento.
Criar esse elo é importante para evitar impactos na organização operacional e na credibilidade das diretrizes de Conduta e Ética empresarial.
Quando profissionais são afastados por síndrome de burnout, a equipe fica desfalcada, o que cria gargalos nos processos e dificuldade para reorganizar o trabalho no setor. Além disso, sabendo o motivo da ausência, as pessoas colaboradoras podem se sensibilizar com o problema.
Um ambiente de trabalho com o índice de burnout alto demonstra ainda que, na prática, as regras de Compliance voltada para a saúde psicológica e emocional não funcionam ou sequer existem.
Para manter a credibilidade da cultura organizacional, é fundamental que as empresas estejam atentas aos fatores de risco do seu ambiente e criem medidas preventivas e de apoio às pessoas colaboradoras.
Nesse sentido, a avaliação inclui tanto o relacionamento entre colaboradores da mesma equipe quanto entre colaboradores e lideranças.
O objetivo é que situações de má conduta, envolvendo assédio moral, discriminação, bullying, cobrança em excesso, metas abusivas e outros problemas sejam evitados no ambiente de trabalho.
Além de perder pessoas colaboradoras valiosas temporariamente na equipe, as consequências jurídicas e trabalhistas podem ser severas e causar prejuízos financeiros como indenização por danos morais. Sem contar o dano à reputação e à imagem do negócio no mercado.
Foi o que aconteceu com uma empresa de turismo, no Rio Grande do Sul, que foi condenada a pagar R$ 28 mil de indenização por danos morais a uma pessoa colaboradora da equipe que desenvolveu síndrome de burnout devido a jornada de trabalho exaustiva a que era submetida.
3 ações de Compliance na prevenção de burnout
Diante dos altos índices de síndrome de burnout nas empresas, com sete em cada dez pessoas colaboradoras vivenciando esse estado de esgotamento, a prevenção é a melhor atitude a ser tomada.
Veja abaixo exemplos de ações de Compliance aplicáveis na prevenção da síndrome de esgotamento:
1. Manutenção de um ambiente saudável e psicologicamente seguro
Para que a cultura organizacional seja realmente pró-saúde mental, a gestão de Compliance precisa estabelecer diretrizes que promovam um ambiente de trabalho saudável e psicologicamente seguro.
O respeito à jornada de trabalho e aos intervalos é uma garantia legal das pessoas colaboradoras e deve ser respeitada e incentivada.
Os fatores de risco ligados ao relacionamento interpessoal têm um papel importante, pois a empresa deve proteger sua equipe de condutas nocivas, como discriminação e bullying.
Dessa forma, é importante definir e divulgar os comportamentos e ações inaceitáveis (metas abusivas, piadas sobre características físicas, abuso de poder, entre outros) e como a empresa vai lidar com esses casos.
2. Implementar ferramentas de comunicação com a equipe
A equipe de Compliance precisa dialogar com as pessoas colaboradoras. E, nem sempre, elas se sentem seguras e confiantes para conversar presencialmente sobre má conduta no ambiente de trabalho e vulnerabilidades de saúde mental.
Um sistema de canal de relatos online, que proteja o anonimato da pessoa denunciante, é uma ferramenta estratégica para que a gestão se mantenha a par do que acontece, avalie e aplique as medidas de responsabilização em cada caso e ajude a equipe.
Leia também >>> Canal de Denúncia em anônimo: entenda a importância.
3. Treinamentos sobre condutas inadequadas
A pesquisa "Anatomy of Work" feita pela Asana trouxe um dado preocupante: 40% dos entrevistados afirmam que o burnout é uma “etapa” inevitável do sucesso.
A informação é um alerta para a gestão de Compliance e de Pessoas das organizações, afinal, a síndrome pode gerar prejuízos permanentes e limitar a carreira.
Para evitar que esse pensamento se consolide, promova treinamentos para as lideranças e pessoas colaboradoras sobre condutas inadequadas no trabalho e como o burnout pode se originar dessas situações.
Outro tema para abordar abertamente com o time são os cuidados com a saúde mental oferecidos pela empresa, como:
flexibilidade para ajustes na carga de trabalho e horários, permitindo mais equilíbrio entre vida profissional e pessoal;
autonomia para as pessoas colaboradoras participarem de decisões de trabalho pessoais e nos projeto em equipe;
encaminhamento para atendimento psicológico preventivo e divulgação do passo a passo para solicitá-lo;
encontros individuais ou em grupo para desenvolver habilidades, como gerenciamento de estresse, como reconhecer e responder problemas emocionais na equipe, mitos sobre condições de saúde mental, entre outros.
Priorize a saúde mental na sua empresa
A união do Compliance com medidas preventivas de saúde mental trazem segurança psicológica para a equipe, evitando o burnout e melhorando a performance individual e coletiva, a motivação e o engajamento das pessoas colaboradores.
A plataforma da Safe Space ajuda negócios a se conectarem com suas equipes, criando um canal de escuta ativa para acompanhar tanto denúncias de má conduta quanto relatos de pedido de auxílio para lidar com dificuldades da rotina de trabalho.
Fale com a nossa equipe de especialistas e saiba como implementar a solução na sua empresa.
