Entenda na prática: o que é ESG?
Você sabe o que é ESG?
Sigla cada vez mais comum nos ambientes corporativos, ela é um acrônimo que reúne as palavras em inglês “Environmental” (Ambiental), “Social” e “Governance” (Governança). Quando falamos sobre ESG, estamos nos referindo às melhores práticas ambientais, sociais e de governança que um negócio pode adotar.
Quando falamos sobre empresas sustentáveis, ainda existe a errônea ideia de que uma empresa sustentável gera menos lucro.
No entanto, dados mostram o oposto. Um estudo realizado pela Deutsche Asset & Wealth Management Investment, analisou 2000 estudos empíricos sobre o tema e percebeu que 63% mostraram resultados positivos no retorno das ações de empresas que adotam ESG.
Cada vez mais a transparência e responsabilidade sobre as ações de uma corporação, refletem em seu sucesso e prosperidade e o ESG é um excelente guia para os negócios. Mas a partir disso, fica a seguinte questão: como ele pode ser aplicado na prática? Confira a resposta para essa e outras perguntas neste artigo. e saiba ainda como o ESG é critério para investimentos do futuro.
Qual é a origem do termo ESG?
Quando falamos em ESG nos referimos à melhores práticas relacionadas ao meio ambiente, governança e sociedade dentro das empresas. A sigla para “Environmental, Social and Governance” (ambiental, social e governança, em português) é um indicador para as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa. E para responder a esse questionamento, precisamos entender a origem do ESG.
“O ESG representa mudança para o mundo dos investimentos porque pode ser utilizado para mostrar quanto um negócio se preocupa em minimizar impactos de suas ações no meio ambiente e na construção de um mundo mais justo. ”
Em 2005, a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um relatório intitulado “Who Cares Wins” (Ganha quem se importa), afirmando que incorporar os fatores do ESG no mercado financeiro gerava mercados mais sustentáveis, além de resultados proveitosos para toda a sociedade. Essa constatação ocorreu após 20 instituições financeiras de diferentes países se reunirem para desenvolver diretrizes e recomendações para a implementação de questões ambientais, sociais e de governança. A partir daí o mundo corporativo passou a olhar para o ESG.
E hoje, finalmente, estamos vivendo um momento de muito destaque para o indicador ESG. Isso porque a preocupação com a responsabilidade social e os impactos ambientais têm se tornado prioridade para as novas gerações. Os jovens assumem cada vez mais a responsabilidade de garantir uma sociedade mais equitativa e sustentável. Eles entendem que após anos de impactos negativos no meio ambiente e na sociedade como um todo é necessário um padrão de vida e comportamento para reverter esse processo. Isso se evidencia quando observamos os padrões comportamentais da chamada geração Y. Já podemos ver os reflexos dessa mudança na prática: estudos indicam que 75% dos millennials estão dispostos a receber menos para trabalhar em uma empresa socialmente responsável.
Além disso, o ESG também representou uma enorme mudança para o mundo dos investimentos. Isso porque, ele pode ser utilizado para mostrar quanto um negócio se preocupa em minimizar os impactos de suas ações no meio ambiente e na construção de um mundo mais justo. Mas o que significa realmente cada uma das siglas do ESG?
(E)nvironmental – fator ambiental
A letra E da sigla se refere às práticas de uma empresa que se relacionam à proteção e preservação ambiental. Sua atuação pode se dar na resolução de questões como:
Poluição do ar e da água;
Biodiversidade;
Escassez de água.
(S)ocial – fator social
Aqui, falamos sobre as ações de uma empresa voltadas para as pessoas que rodeiam o seu universo. Essas ações podem se estender desde as pessoas colaboradoras até seus clientes. Enquadra-se assim ações como:
Satisfação dos clientes;
Proteção de dados e privacidade;
Engajamento dos funcionários;
Relacionamento com a comunidade;
Respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas.
(G)overnance – fator governança
A última letra da sigla se refere à administração de uma empresa. Aqui, falamos de ações realizadas pelos stakeholders, gestores e setores de RH e Compliance. Elas são voltadas para garantir um ambiente de trabalho saudável e inclusivo. Falamos nesse caso de ações voltadas para:
Composição do Conselho;
Estrutura do comitê de auditoria;
Conduta corporativa;
Remuneração dos executivos;
Relação com entidades do governo e políticos;
Existência de um canal de denúncias.
Assim, uma empresa com um alto critério ‘E’, demonstra seu preparo diante da sustentabilidade ambiental. Uma empresa com critério ‘G’, representa governança forte, ou seja, possui funcionários engajados, capacitados e satisfeitos com as políticas internas da companhia. Enquanto isso, uma empresa com critério ‘S’ elevado, reflete a diversidade e inclusão de pessoas que formam múltiplos recortes sociais, uma característica muito importante para um ambiente de trabalho que busca se inovar.
ESG e os impactos no dia a dia da minha empresa
Nos últimos anos cresceu a valorização de empresas que se empenham em oferecer sustentabilidade e boas práticas junto aos seus produtos e serviços. O ESG vem então para reforçar e endossar essas ações. Ele está diretamente relacionado à melhora no ambiente de trabalho construído pelas empresas, sua imagem diante da sociedade e consequentemente o aumento de investimentos e avanços sociais.
O ESG impacta muitas empresas internamente. O motivo é a mudança de paradigmas por parte das pessoas colaboradoras. As novas gerações ingressam no mercado de trabalho com novas exigências. Para esses jovens, ter o salário mais alto não é o fator mais impactante em sua jornada profissional. Para eles, é mais importante trabalhar em companhias que ofereçam ambientes de trabalho seguros e em compasso com as exigências do ESG.
Além disso, vivenciamos um momento em que a fácil exposição midiática garante o fortalecimento de denúncias contra empresas antiéticas. A velocidade da informação se ampliou e a má conduta é exposta de maneira imediata, tornando o processo de recuperação de imagem muito mais complexo.
Ademais, estima-se que os chamados investimentos responsáveis representem 36% dos ativos totais no mundo, segundo dados da dados da Global Sustainable Investment Alliance publicados na Valor Investe. Esse dado apenas reforça a importância de uma empresa voltada para os critérios do ESG, já que gestores de investimentos os têm usado cada vez mais como parâmetro para tomada de decisões. Esse movimento tem impactado até mesmo grandes e poderosas companhias. A Apple, por exemplo, anunciou que pretende neutralizar toda a sua emissão de carbono até 2030. Essa iniciativa fez com que outras empresas como a Microsoft seguissem o mesmo caminho.
O impacto de práticas ESG no financeiro
A preocupação com um mundo mais sustentável é cada vez mais evidente e foi consolidada pela ONU a partir da elaboração de um documento chamado Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Nele, a organização prevê metas quantitativas a serem atingidas ao longo dos anos. Essa preocupação também representou uma mudança para o mundo dos investimentos, mudando a rota de muitas empresas.
A partir da análise da conduta dos negócios, levando em consideração fatores ambientais, sociais e de governança, validados pelo indicador ESG, pessoas investidores, analistas financeiros e fundos de investimento podem escolher as empresas que vão receber seu dinheiro. O momento criou, inclusive uma nova categoria de investimentos, os Investimentos Socialmente Responsáveis (ISR). Aqui, além de levar em consideração a performance financeira das empresas, os investidores utilizam o padrão ESG para investir. A busca por investimentos em empresas mais sustentáveis e de acordo com as demandas do século XXI cresceu a ponto da bolsa de valores brasileira divulgar quais são as empresas mais adaptadas ao ESG por meio do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
Um reflexo das mudanças que o ESG vem causando é que o primeiro semestre de 2020 foi marcado pelo investimento de mais de 10 bilhões de reais do fundo Venture Capital em 112 empresas brasileiras. Essa modalidade de investimento é focada em empresas de até médio porte com alto potencial de crescimento. Os fatores ambientais, sociais e de governança reunidos na sigla ESG integram um papel importante na análise e são requisitos para esses investimentos. A empresa de cashback Méliuz é uma das fintechs que recebeu investimentos de capital venture com base em suas propostas e boas práticas. Além dela, também podemos citar startups de sucesso como 99 e Nubank.
No entanto, precisamos ressaltar que a análise dos requisitos do ESG não é feita de forma homogênea em todos os investimentos. Isso acontece porque não é possível avaliar uma empresa de energia e os seus impactos no meio ambiente com o mesmo peso de critério que uma empresa de software, por exemplo.
Em uma visão geral, empresas que adotam melhores práticas levando em consideração os critérios ESG conseguem aumentar sua receita, reduzir custos, minimizar problemas legais, além de aumentar a produtividade e otimizar os seus investimentos. A explicação para isto é simples: investidores escolhem empresas responsáveis e transparentes, visando um retorno financeiro maior e redução dos riscos.
ESG e os negócios do futuro
O ESG ganhou ainda mais força nos últimos anos quando empresas começaram a ser favorecidas por suas boas práticas ambientais, sociais e de governança. Mudanças no mercado financeiro explicam a preocupação de tantas corporações em incorporar ações que visem a sustentabilidade, já que os critérios ESG estão sendo decisivos para o investimento e crescimento de uma empresa. Assim, aquelas que não se adaptarem às novas demandas podem ficar para trás.
Os critérios do ESG são fundamentais para construir uma empresa de acordo com as necessidades do século XXI. Pessoas colaboradoras, clientes e investidores exigem a cada dia companhias que não se voltem apenas para o lucro, mas também em contribuir para mudanças sociais efetivas. Eliminar más práticas através de um código de conduta que prevê respeito às diversidades é um bom exemplo de uma empresa com critérios de governança. As áreas de RH ou Compliance devem, portanto, receber recursos que permitam a elaboração de um código de ética em compasso com a realidade e contexto da corporação.