Setembro Amarelo: um alerta sobre saúde mental nas organizações

Em um mundo no qual a cobrança por produtividade e resultados é parte central da cultura empresarial, é essencial que as corporações se atentem para a saúde mental das pessoas colaboradoras. O tema, inclusive, é o foco do Setembro Amarelo.

O bem-estar das pessoas colaboradoras não deve ser uma preocupação apenas pessoal, mas sim um ponto de atenção de gestores e líderes. E quem diz isso não somos nós, já que, segundo os dados da pesquisa da Vittude, 72% dos trabalhadores brasileiros preferem trabalhar em um local que cuide da saúde mental dos colaboradores.

Segundo o mesmo estudo, a realidade do mercado está bem distante. Afinal, das pessoas respondentes, 70% afirma que as empresas não sabem lidar com o tema

Sendo assim, o cuidado com a segurança psicológica das pessoas colaboradoras não apenas ajuda na retenção de talentos ao oferecer um ambiente saudável, mas também se torna um diferencial competitivo, já que o mercado carece dessa atenção.

Ações e eventos do Setembro Amarelo nas empresas trazem o tema para a discussão, mas é essencial recordar que esse é o tipo de preocupação que deve ser constantemente trabalhada. Afinal de contas, a saúde mental no trabalho impacta na produtividade e nos resultados e, consequentemente, no sucesso do empreendimento.

Confira como o mês de setembro pode servir de gancho para que a empresa implemente políticas e ações contínuas para manter as pessoas colaboradoras saudáveis psicologicamente.


 
 
 
 

Qual é o significado do Setembro Amarelo? 

O dia 10 de setembro foi Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Esse é o motivo pelo qual, todo o mês é dedicado ao cuidado com a saúde mental. A campanha mundial busca acabar com o estigma e tabu que cercam a temática.

Como quase 100% dos casos de suicídio estão atrelados a problemas psicológicos e psiquiátricos que não foram tratados e/ou acompanhados devidamente, as organizações de saúde acharam conveniente tratar ambos os temas em uma única campanha.

Já a cor amarela foi selecionada para homenagear o jovem Mike Emme que tirou a própria vida em 1994 dentro do seu carro, que era amarelo. O suicídio de Mike elevou a discussão sobre a saúde mental, especialmente na parcela mais jovem da população. 

Por que falar de saúde mental no trabalho?

É essencial que as empresas olhem para as pessoas colaboradoras e procurem entender se estão construindo políticas e ações internas que dão o apoio necessário quando o assunto é saúde mental, e que são capazes de transmitir uma preocupação legítima com o bem-estar de cada um. 

Como já ressaltamos, não é só em setembro que a discussão se torna válida. Ela deve ser uma pauta recorrente e tema de conversas, debates internos e treinamentos, ainda mais em organizações que atuam em setores cuja pressão por resultados é alta, como o setor bancário ou o mercado financeiro. 

Além da perspectiva social, a empresa deve analisar o impacto das discussões sobre saúde mental do ponto de vista mercadológico e de Recursos Humanos. 

Isso ocorre porque os profissionais brasileiros estão em busca de locais de trabalho que ofereçam um ambiente saudável e que não adotem métodos de comunicação e produtividade que sejam abusivos e contribuam para o agravamento de condições psicológicas. 

Ou seja, não se preocupar com o tema pode dificultar a captação de bons profissionais e implicar em taxas de turnover mais altas, o que consequentemente impacta na produtividade e na qualidade das operações. 

Como abordar o tema?

Para introduzir a temática dos cuidados com a saúde mental, os profissionais de RH e Compliance precisam estar cientes de que a equipe é formada por diferentes personalidades, histórias e comportamentos

Isso demanda sensibilidade com as opiniões de cada um e, acima de tudo, respeito à forma como cada um manifesta seus sentimentos e emoções. Na prática, significa que situações que parecem simples e fáceis para uns podem despertar inseguranças e ativam gatilhos em outros.

Nenhum ser humano é igual e cada pessoa reage de forma distinta aos problemas, portanto, além de sensibilidade é necessário adotar a escuta ativa. Isso pode ser feito tanto em conversas particulares quanto por meio de ferramentas adequadas, como a ouvidoria interna ou um canal de denúncias

Essas ferramentas dão maior visibilidade e abertura para que as pessoas colaboradoras possam expor suas experiências e vivências dentro da empresa. Assim, as equipes do RH e compliance terão maior visibilidade da saúde mental da equipe. 

A empresa precisa lidar com o tema de forma natural e constante. Promover a discussão sempre que possível, incluir perguntas que tratam dessa questão em pesquisas de clima organizacional e oferecer meios para que as pessoas colaboradoras se sintam à vontade para compartilhar como estão se sentindo. 

Lembrando sempre que é essencial assegurar às pessoas colaboradoras o direito de relatar práticas tóxicas que acontecem em seu cotidiano profissional e que estão impactando sua saúde. 

Sinais de alerta e prevenção ao suicídio: como identificar?

Citamos anteriormente que as pessoas gestoras e líderes precisam entender a diversidade do time que integra a empresa. 

Afinal de contas, nem sempre será possível entender qual situação afeta alguém com mais ou menos intensidade. Somos seres únicos, com histórias e vivências diferentes, que impactam na capacidade de resiliência e na reação a casos específicos.

Pensando nisso, o Conselho Federal de Medicina lançou uma cartilha de prevenção ao suicídio. Esse material auxilia o RH a identificar determinados comportamentos que servem de alerta. 

É indicada a leitura de toda a cartilha, já que ela traz informações importantes sobre saúde mental e sua relação com o suicídio. Um dos capítulos se dedica a apresentar 4 fatores que devem ser levados em consideração na tentativa de identificar comportamentos suicidas.

São eles: 

  1. Presença de doenças mentais diagnosticadas ou não: aqui entram patologias como depressão, transtorno de personalidade, esquizofrenia e até transtornos causados pelo abuso de álcool e outras substâncias;

  2. Aspectos sociais: existem fatores sociodemográficos comuns entre as pessoas que cometem suicídio, tais como gênero, idade, estado civil etc.

  3. Aspectos psicológicos: perdas recentes, falta de resiliência, impulsividade e desamparo são alguns dos fatores de risco;

  4. Condições de saúde limitantes: pessoas diagnosticadas com doenças crônicas e/ou degenerativas (como AIDS e esclerose múltipla), doenças neurológicas, tumores malignos e dores crônicas intensas também são mais propensas a cometer suicídio.

Antes de seguir, vale destacar que os fatores acima são considerados como possíveis contribuintes para a formação de um quadro de comportamento suicida, mas não são determinantes para que o quadro se forme. 

Além desses pontos, é importante que o RH e o Compliance fiquem atentos a outros indicativos que servem como “bandeira vermelha”:

  • Aumento na quantidade de faltas;

  • Isolamento de outras pessoas colaboradoras do time;

  • Relato de problemas interpessoais; 

  • Nervosismo e estresse constantes. 

Mesmo que a pessoa colaboradora não tenha pensamentos suicidas, ela pode estar com a saúde mental abalada e precisando de ajuda e suporte.

Qual o papel das empresas na promoção da saúde mental das pessoas colaboradoras?

Promover a saúde mental das pessoas colaboradoras não é só um dever ético, mas um diferencial competitivo, que promove uma cultura saudável, um ambiente diverso e inclusivo.

Além disso, locais de trabalho nos quais as pessoas se sentem bem tendem a ter melhores resultados, já que a produtividade da equipe melhora. 

Neste cenário, tanto o RH quanto o Compliance se mostram peças fundamentais para que estratégias de cuidado com saúde mental sejam promovidas. 

A implementação de um canal de relatos, como já dissemos, é parte das ações que podem fazer a diferença. Através dele, as pessoas colaboradoras podem enviar depoimentos de desvio de conduta que auxiliam a manter o clima organizacional mais seguro. Afinal de contas, casos como assédio, por exemplo, podem afetar seriamente pessoas colaboradoras mulheres e, inclusive, despertar tendências suicidas.

Em outras palavras, a empresa deve assumir um papel de suporte e constante apoio para a saúde mental das pessoas colaboradoras. Tornando assim, o local de trabalho, um ambiente seguro, diverso, inclusivo e que acolha a todos. 

Como quebrar o estigma em torno da saúde mental?

O primeiro passo é trazer a discussão sobre saúde mental para o protagonismo. Assim como a campanha Setembro Amarelo propõe, é preciso divulgar e ensinar sobre os motivos que levam aos distúrbios mentais, os sintomas que servem de alerta e, claro, os tratamentos e cuidados.

Ainda há muita dúvida e preconceito em torno desse tema. Logo, a empresa pode assumir o papel vanguardista de falar sobre cuidados com a mente e como essa atenção impacta positivamente na vida de todas as pessoas colaboradoras.

Mas é claro que falar não basta. O passo seguinte é modificar processos, políticas e diretrizes para proporcionar uma vida mais saudável para as equipes. A seguir, mostramos como isso pode ser feito.

Programas de bem-estar e apoio psicológico dentro das empresas

Ao longo do texto, já falamos sobre atitudes da empresa no que tange o cuidado com a saúde mental das pessoas colaboradoras. Entre a comunicação aberta com a equipe e a oferta de um canal de relatos, ainda há mais estratégias para promover um clima seguro e saudável:

Flexibilidade no trabalho e equilíbrio entre vida profissional e pessoal

A possibilidade de atuar em horários diferenciados e flexíveis é uma chance para que pessoas colaboradoras possam adequar suas rotinas ao trabalho e garantir que tenham tempo para cuidar da vida fora do escritório.

Por exemplo, mulheres com filhos podem entrar mais tarde, assim, conseguem cuidar da rotina matinal das crianças, levá-las ao colégio e, em seguida, se dedicar ao trabalho com total atenção. Além de renderem mais, certamente essas colaboradoras estarão mais felizes e satisfeitas.

Pessoas que fazem terapia, por exemplo, podem adequar o horário da consulta e compensar o tempo em outro momento ou, até mesmo, em outro dia da semana. Dessa forma, ela terá a tranquilidade que precisa para cuidar da saúde mental sem se preocupar com cobranças de pessoas líderes.

Liderança sensível à saúde mental

Muitas pessoas já passaram por situações nas quais o cansaço ou estresse foi colocado em dúvida pela liderança. Esse comportamento é um grande propulsor de casos de burnout e ansiedade. 

Por isso, é importante que a liderança esteja preparada para lidar com pessoas colaboradoras e a saúde mental delas. Como dissemos anteriormente, cada um tem um nível de resiliência diferente e quem lidera o time precisa levar em consideração esse fator. 

Capacite pessoas gestoras a exercer escuta ativa sempre que alguma pessoa colaboradora precisar relatar alguma instabilidade emocional ou situação de extremo estresse e ansiedade. Esses são alertas que não devem ser ignorados.

Redes de apoio e comunidades internas

Muitas vezes, as pessoas colaboradoras não se sentem confortáveis em relatar alguma insatisfação. Neste caso, elas podem trocar com pares ou colegas que atuam em outros times.

Incentive a criação de comitês, guildas e grupos de conversa para reunir profissionais de diferentes equipes e áreas e, assim, estimular a troca de experiências e relatos. Dessa forma, elas se sentirão compreendidas e acolhidas no ambiente de trabalho.

Treinamento em primeiros socorros em saúde mental

Crises de pânico ou ansiedade são situações de saúde mental que precisam de auxílio técnico. Você sabe o que fazer caso alguma pessoa colaboradora da sua empresa passe por uma situação como essa?

Treinar todas as pessoas colaboradoras para lidar com esses momentos não só aumenta a discussão sobre o cuidado com saúde mental, como prepara o time para lidar com momentos de crise. 

Além disso, aquelas que têm transtorno de ansiedade generalizada ou síndrome do pânico se sentirão mais seguras ao saber que colegas da empresa saberão lidar caso uma crise aconteça.

Diversidade e inclusão como componentes da saúde mental

Pessoas colaboradoras LGBTQIAP+ e não-brancas podem se sentir ainda mais inseguras e ansiosas no ambiente de trabalho. O receio de situações de homofobia ou racismo podem gerar ansiedade extrema e afetar negativamente a saúde mental. 

Por isso, é importante que, paralelamente às ações de cuidado como no Setembro Amarelo, existam treinamentos e capacitações para tornar todo o clima organizacional seguro para grupos minoritários

Além disso, acompanhe de perto relatos de casos de discriminação racial, homofobia, assédio ou desvios de conduta que irão afetar a saúde mental de toda a equipe.

Parcerias externas e recursos comunitários

Conte com empresas e parcerias especializadas para auxiliar no preparo da equipe e no oferecimento de meios de cuidado com a saúde mental, seja durante o Setembro Amarelo ou ao longo do ano.

Uma ferramenta que está preparada para dar esse suporte é o Zenklub, que oferece terapia online e viabiliza uma estratégia para a empresa cuidar de suas equipes de forma moderna e funcional.

Mas ela não é a única. No ebook “Setembro Amarelo, RH e tecnologia”, você encontra soluções inovadoras para cuidar da saúde mental das pessoas colaboradoras da sua empresa. 

Confira o material e descubra novos meios e recursos para ampliar essa discussão e oferecer cuidados para todos que trabalham na organização.



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