O RH como parceiro estratégico no desenvolvimento de lideranças

A área de Recursos Humanos vai muito além de ações operacionais como o gerenciamento de benefícios e questões burocráticas. Esses profissionais assumem um papel crucial como agentes transformadores, sendo fundamentais para a evolução da cultura e o sucesso da organização. Eles são peças fundamentais no desenvolvimento de lideranças e contribuem para que a empresa alcance seus objetivos.

Em um cenário empresarial cada vez mais dinâmico e competitivo, o desenvolvimento de lideranças se mostra como um pilar fundamental para o sucesso sustentável das organizações. Líderes preparados, com habilidades técnicas e comportamentais necessárias, são os motores que impulsionam o crescimento, a inovação e o engajamento de equipes de alto desempenho.

Neste artigo, vamos explorar o papel do RH nesse processo de desenvolvimento de lideranças e entender como essa parceria pode impulsionar o crescimento organizacional e preparar as empresas para os desafios do futuro.


 

A estratégia é tão importante quanto o operacional

É muito comum, em áreas de recursos humanos, ver os profissionais muito envolvidos na realização e entrega de demandas e a parte estratégica ser um pouco deixada de lado. Claro que existem diferentes cenários, desde times que são muito enxutos até mesmo uma alta gestão que não valoriza esses profissionais e dificulta a sua atuação estratégica.

Independente do cenário, é extremamente importante que pessoas que trabalham com recursos humanos não esqueçam o quanto são fundamentais para a empresa alcançar seus objetivos e, para isso, precisam equilibrar ações operacionais com um planejamento estratégico.

A imagem mostra um homem realizando uma tarefa repetitiva, o que representa um rh operacional

O desenvolvimento de uma liderança, por exemplo, não acontece apenas com o cumprimento de um checklist, existe toda uma etapa de identificação das habilidades que precisam ser trabalhadas, a criação de um plano de ação e o acompanhamento dessa liderança para avaliar os resultados. O desenvolvimento de cada liderança é único, não adianta só criar um treinamento para “cumprir” uma demanda, se isso não está alinhado com a estratégia de negócios da empresa.

Se uma empresa tem um péssimo clima organizacional e uma alta rotatividade de pessoas, esse é um sinal de que algo não está funcionando, e sim o RH precisa entender o que está acontecendo e agir estrategicamente para reverter o cenário. 

Claro que isso não significa que a área deve atuar sozinha, o segredo para a construção de uma cultura organizacional que prioriza o bem-estar, além de uma alta gestão que acredita e apoia essa cultura, é o trabalho conjunto entre profissionais de RH e lideranças. É necessário haver um equilíbrio e uma boa relação entre essas partes para alcançar um ambiente de trabalho saudável.

A liderança não pode jogar toda a responsabilidade de gestão de pessoas no RH, já os profissionais de RH devem ser um suporte, capacitando, orientando essas lideranças para que elas também sejam um agente propagador da cultura organizacional. Se, por exemplo, existem casos de lideranças tóxicas na empresa, a solução não é apenas lidar com a rotatividade de pessoas e colocar esforços em atrair outros talentos para as posições, mas sim agir diretamente na causa do problema, que seria a liderança tóxica.



Por que ir além dos treinamentos?

Para uma mudança no clima e cultura organizacional, a solução parece até simples, basta investir em treinamentos para a liderança. O mercado de treinamento de liderança corporativa movimenta bilhões e a maioria das empresas investe em capacitação, mas mesmo assim muitos líderes se sentem, e muitas vezes realmente estão, despreparados

Quando a gente fala de desenvolvimento, é bem comum o primeiro pensamento ser: vamos disponibilizar um treinamento. Isso acontece porque os treinamentos são algo muito presente na nossa vida como uma referência de educação e aprendizado, e eles de fato, quando são bem estruturados, contribuem bastante para o desenvolvimento. Mas será que apenas oferecer um treinamento é suficiente para o desenvolvimento?

A capacitação e desenvolvimento de lideranças vai muito além de treinamentos, ela envolve aspectos como:

  1. Orientar a liderar com empatia, resolver conflitos e manter o profissionalismo.

  2. Deixar claro para as lideranças que elas são responsáveis ​​por seu comportamento. É importante ter um código de conduta que mostre os comportamentos esperados e oficialize as possíveis consequências caso esses comportamentos não sejam respeitados. 

  3. Encorajar as lideranças a serem acessíveis. A equipe deve confiar e se sentir confortável ​​para levantar questões com a liderança sem medo de retaliação.

Não estamos dizendo que treinamentos não são importantes, mas eles são somente parte da solução. Questões relacionadas à saúde mental e ao engajamento dos funcionários são dinâmicas, voláteis e, muitas vezes, influenciadas por fatores individuais é injusto cobrar de uma liderança que ela esteja preparada para lidar com todas essas situações e apenas alguns treinamentos não oferecem o suporte necessário.


A Rafaela  Frankenthal , CEO da SafeSpace, abordou em uma publicação no LinkedIn alguns motivos que levam um treinamento para lideranças não funcionar. Segundo ela, a era dos treinamentos genéricos, só para cumprir requisitos, está com os dias contados. É hora de investir em líderes com inteligência emocional, capacidade de adaptação e uma visão humana e inovadora. Para isso, é preciso abraçar as novas tecnologias, personalizar o desenvolvimento e criar uma cultura de aprendizado contínuo.


Um exemplo de como o desenvolvimento não se baseia apenas em treinamentos é o caso da Randstad, uma empresa de consultoria de RH multinacional. A empresa fez avanços significativos no desenvolvimento de liderança por meio de seu programa global de mentoria.

Esse programa é único e oferece a cada colaborador dentro da organização a oportunidade de encontrar um mentor. A empresa acredita que todos têm potencial para crescer e desenvolver habilidades de liderança, e que a orientação de colegas mais experientes pode ser fundamental nesse processo.

O programa é estruturado em torno dos quatro pilares da estrutura de liderança da Randstad, os quais são: 

  1. Inspire: lidere com direção e propósito. Defina o ritmo por meio do exemplo e projete otimismo enquanto você navega pelos desafios.

  2. Seja ágil: aproveite as oportunidades para agir. Seja intelectualmente curioso e insista na experimentação para melhorar continuamente.

  3. Empoderar: confiar uns nos outros. Invista em nome dos outros com respeito genuíno. Construa experiências por meio da experimentação.

  4. Seja ousado: envolva-se autenticamente. Ouse ser vulnerável. Esteja disposto a correr riscos calculados, mas corajosos.

Através desse programa de mentoria, a Randstad conseguiu desenvolver as habilidades de liderança de seus colaboradores de forma eficaz. A aproximação de colaboradores com colegas mais experientes permite uma transferência de conhecimento e habilidades. Ele também fornece aos funcionários um modelo a ser seguido e uma figura de apoio para orientá-los em sua jornada de liderança.

O segredo está na parceria com a liderança 

Sabe aquela conhecida frase “Sozinhos vamos mais rápido. Juntos vamos mais longe”, ela se aplica totalmente a essa relação da área de RH com as lideranças. Tanto os profissionais de RH quanto as lideranças devem trabalhar juntos para promover um ambiente saudável, propício à produtividade e colaboradores engajados.

A parceria entre RH e liderança requer um compromisso compartilhado para promover uma cultura de confiança, colaboração e melhoria contínua. Profissionais de RH e líderes devem trabalhar juntos para criar um ambiente que incentive a comunicação aberta e valorize a diversidade e a inclusão, dando voz às pessoas colaboradoras.

Quando RH e lideranças trabalham juntos, as ações de gestão de pessoas se conectam diretamente com os resultados estratégicos da empresa. Os líderes conseguem ter mais clareza sobre as necessidades do negócio, e o RH oferece o suporte necessário para que os colaboradores, engajados e capacitados, entreguem o seu melhor, acelerando o sucesso da organização.

Construir essa relação com a liderança pode não ser uma tarefa fácil, mas é importante que os profissionais de RH não desistam do processo. Aquela liderança resistente ou desengajada, às vezes pode estar sobrecarregada e é responsabilidade do RH identificar e cuidar dessa liderança. Se você quer ter um bom clima organizacional e uma boa retenção de talentos, a liderança é a sua principal aliada.

Dados apontam que uma liderança tóxica aumenta a depressão por parte dos trabalhadores, de acordo com a British Psychological Society (BPS). Por outro lado, a liderança caracterizada por empatia, confiança, integridade e relacionamentos positivos com funcionários foi ligada à retenção e produtividade, segundo uma meta-análise de diversos estudos da University of Exeter.

Isso nos mostra que o cuidado e desenvolvimento das lideranças deve ser uma prioridade da área de RH que quer contribuir estrategicamente para o crescimento saudável e sustentável de uma empresa.


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