Sua empresa precisa de um “dedo duro”: a importância do relato de testemunhas
“If you see something, say something”, do inglês, “se você vir algo, diga algo”. Essa frase de sucesso foi usada originalmente em uma campanha de segurança nos transportes públicos de NYC. Mais tarde, empresas de todos os setores já haviam reproduzido a mensagem também.É comum que treinamentos de RH sobre problemas de comportamento tragam essa ideia para incentivar que testemunhas relatem as situações que presenciam. No entanto, lideranças da área precisam ir além da frase de efeito se desejam resultados efetivos no ambiente de trabalho, como melhorar a cultura organizacional.
É indiscutível o efeito que desvios de conduta, como assédio e discriminação, tem para as pessoas envolvidas. No entanto, não é preciso estar diretamente associado aos episódios para vivenciar as consequências negativas.
A importância de pessoas que testemunhem má conduta relatarem o que vêem deve ser comunicada de forma recorrente. Ainda que um software de Recursos Humanos como um canal de denúncias ofereça espaço para a abertura de relatos de terceiros, um trabalho de conscientização e incentivo garante que esse movimento de fato aconteça.
Quando o assunto é cultura organizacional, a testemunha não é coadjuvante
Problemas de comportamento vão acontecer em todos os ambientes de trabalho - sejam remotos ou não. E ao contrário do que pensam, não são prejudiciais apenas para as pessoas colaboradoras que estão em uma posição vulnerável.
Toda pessoa que acompanhou a situação de alguma forma pode desempenhar um papel tão decisivo quanto aquelas diretamente envolvidas no combate a desvios de conduta nas empresas. É nesta ótica que os treinamentos de RH devem embasar suas argumentações: dar protagonismo às testemunhas - e as ferramentas necessárias para que elas possam agir proativamente.Essa ideia ganha ainda mais força se considerarmos por que muitas pessoas não sentem segurança em relatar problemas de comportamento no trabalho. Existem obstáculos estruturais que tornam a abordagem de determinados assuntos ainda mais delicados, como o medo de retaliação ou de não ter seus relatos apurados com seriedade. Mas o que os números dizem a respeito das pessoas que presenciam essas situações?
Uma pesquisa conduzida pela SPOT em 2019 com 1.000 trabalhadores e trabalhadoras dos EUA, Inglaterra e Austrália trouxe alguns dados interessantes:
70% presenciou alguma forma de assédio ou discriminação no ambiente de trabalho;
67% afirma ter contado para alguém de fora do trabalho sobre o episódio, especialmente para familiares ou colegas;
42% alega ter contado para outra pessoa da empresa, mas 77% diz nunca ter relatado para o RH.
Quando a área de RH não tem visibilidade do que acontece internamente, existe um cenário propício para que casos de má conduta escalem e uma cultura organizacional tóxica se consolide. Ainda trazendo dados da pesquisa, observe os principais motivos que levam testemunhas a não buscar profissionais da área:
34% indicou ter medo de potenciais consequências;
18% disse não querer ser visto como “dedo-duro” no ambiente de trabalho;
22% não sabiam que testemunhas podiam abrir relatos;
19% disse que simplesmente não sabiam as melhores práticas para relatar casos que não aconteceram com elas;
9% falou que o processo é muito complicado;
O ponto chave em incentivar o uso do software de Recursos Humanos por parte das testemunhas - no caso, o canal de denúncias - está em dar clareza a elas sobre o papel que podem exercer na missão de melhorar a cultura organizacional e construir um ambiente de trabalho seguro.
Como incentivar o relato de testemunhas no ambiente de trabalho?
Os números apontam uma demanda latente para treinamentos de RH: as testemunhas são um recurso valioso na estratégia de como melhorar a cultura organizacional, mas precisam de orientação para que seja efetivo.
Em especial, se levarmos em consideração a questão do anonimato. Resgatando mais uma vez os dados mencionados, 78% das testemunhas que relataram algum episódio no ambiente de trabalho não pediram a permissão da pessoa que foi alvo do desvio de conduta.
Ainda que o movimento de trazer visibilidade para o problema tenha sido iniciado, a condução do relato deve ser feita por profissionais responsáveis, que vão tomar as medidas necessárias para apurar os casos. Isso garante que uma cultura de confiança seja construída, e evita eventuais comentários e fofocas paralelas.
Empresas que direcionam esforços para incentivar o uso do canal de denúncias têm 1,5x mais chances de receber relatos de testemunhas. Combinar isso ao esforço de educar testemunhas sobre as melhores práticas para relatar o que vêem é a receita para um processo de apuração efetivo. A possibilidade de abrir denúncias anônimas e condicionais (Connect), e o acesso ao chat em tempo real, são ferramentas que garantem à testemunha um espaço seguro e transparente - para ela e para a pessoa em contexto vulnerável. Além de encorajar que as pessoas relatem o que presenciam no ambiente de trabalho, os treinamentos da área devem comunicar com clareza as funcionalidades do software de Recursos Humanos.
Todas as pessoas colaboradoras podem assumir papéis na construção de um ambiente de trabalho seguro
Uma estratégia que busque como melhorar a cultura organizacional estará incompleta se contar apenas com as pessoas envolvidas em casos de mau comportamento. Em especial quando condutas mais delicadas entram no jogo, como o assédio sexual por exemplo.
As lideranças devem repensar treinamentos de RH para desconstruir o que se sabe sobre os canais de denúncia tradicionais. Softwares de Recursos Humanos inovadores devem levar em consideração a experiência de todas as pessoas colaboradoras - inclusive testemunhas.