Ética empresarial: como reforçar e ensinar os valores da empresa no dia a dia

Além de estabelecer valores e diretrizes éticas a serem seguidas por todas as pessoas da organização, também é necessário desenvolver estratégias para que as pessoas se engajem e busquem trabalhar e conviver segundo essas diretrizes.

A ética empresarial é indispensável para que uma empresa consiga atingir seus objetivos sem colocar em risco sua reputação e o cumprimento de seu código de conduta

Cabe aos setores de Compliance e RH o resgate deste tema, tanto em ações esporádicas quanto nas atividades do dia a dia. Este é o caminho ideal para consolidar os valores da organização e construir uma cultura pautada sob a ética e as boas práticas de mercado.

Porém, nós sabemos que nem sempre é fácil engajar as pessoas colaboradoras nessas diretrizes. Ao mesmo tempo, é fato que o distanciamento desses temas podem gerar problemas como aumento do turnover e dificuldade na gestão dos times, que impactam nos resultados. 

Para evitar que essa realidade aconteça em sua empresa, separamos neste artigo mais informações sobre a relação entre a ética empresarial e a rotina do setor de Compliance, assim você pode refletir sobre o tema e desenvolver as estratégias que reforçam os valores organizacionais da sua companhia.


 

A influência da ética empresarial na rotina da empresa

O livro “Ética empresarial: dilemas, tomadas de decisões e casos” - escrito por Ferrel, Fraedrich e Ferrel -  explica que o código de ética é um padrão de conduta para pessoas com diferentes visões e experiências. Portanto, sua missão é esclarecer quais são as atitudes e comportamentos que cabem ou não dentro da rotina.

O tema envolve não apenas as pessoas colaboradoras, mas também os principais stakeholders, como clientes, fornecedores, sócios e investidores. Isso ocorre pois uma organização deve manter a mesma essência ao dialogar com diferentes atores. 

É aqui que entra a influência da ética empresarial na rotina: ela pauta e dá uniformidade às relações, esclarecendo os princípios desejados pela companhia

Como resultado dessa postura, espera-se que a companhia construa seu ethos, ou seja, sua forma de pensar e agir dentro do ecossistema que está inserida. 

Isso é indispensável para se posicionar no mercado de trabalho, zelar pela reputação pública, construir relações duradouras com consumidores e até mesmo prospectar investidores e parceiros. 

Após ler essa pequena definição, talvez você esteja se perguntando quem é o guardião dessa forma de pensar e agir. Se você respondeu o Compliance, acertou em cheio.

Junto com o RH, o setor atua para garantir que as relações interpessoais sigam as normas estabelecidas, gerando pontes de conhecimento que atuam em prol da conduta da equipe e a redução de problemas.

Contudo, essa atuação se distingue de acordo com o grupo a ser atingido. Para explicar melhor, vamos discutir a ética empresarial e sua relação com 3 grupos: 

  • Liderança e estratégia;

  • Pessoas colaboradoras;

  • Público externo.

Liderança

A liderança é o principal grupo de referência dentro de uma organização. É a partir do comportamento e posicionamento das pessoas que compõem a gestão que a cultura organizacional é disseminada.

O tom - e o exemplo - vem do topo, por isso, pessoas que estão em cargos gerenciais precisam ser modelos exemplares do comportamento desejado pela companhia, seja em interações presenciais ou online. 

A ética empresarial é quem vai pautar essas atitudes. As lideranças devem ser familiarizadas com as informações mais importantes do código de conduta e, sempre que necessário, precisam ser relembradas do seu papel e de seu poder de influência. 

Além disso, uma gestão direcionada pela ética empresarial contribui para a visibilidade de casos de má conduta e padrões de comportamento. 

Isso porque as pessoas colaboradoras se sentem mais à vontade para relatar situações e práticas antiéticas sem o receio de sofrer retaliações ou punições sociais dentro da empresa, como o isolamento na corporação.

Quando as lideranças não geram exemplo, a empresa corre o risco de ver sua operação silenciada. É o que revela o estudo “Ética nas organizações”, publicado pelo Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (CPDEC).

Segundo o estudo, 94% não relatam comportamentos inadequados no espaço laboral por acreditarem que nada será feito. Enquanto 97% deixam de falar por medo de retaliação. 

Pessoas Colaboradoras

A ética pauta e dá uniformidade às relações, esclarecendo os princípios que devem ser seguidos por todos na pela companhia. 

No caso das pessoas colaboradoras, uma cultura de ética empresarial firme estimula a honestidade, integridade e a alta performance. Essa tríade de valores gera um ambiente de segurança psicológica, onde todas as pessoas sentem-se à vontade para propor suas ideias sem receios de discriminação ou outros episódios de má conduta.

Quando há o resgate constante da ética empresarial, as equipes tendem a se manter mais alinhadas às diretrizes da companhia, gerando mais inclusão, respeito e aceitação das diferenças. 

Junto a esses fatores, é importante lembrar que os valores éticos também servem de fator de atração de talentos. 

Quando pessoas de alto potencial se identificam com o propósito de uma organização, crescem as chances de captar e reter talentos, algo que todo negócio deseja.

Público externo

A influência da ética empresarial extrapola os limites da organização. Ela também está presente nas relações externas construídas com clientes, fornecedores, investidores e até o mercado financeiro. 

Já não é de hoje que pessoas buscam identificação com os valores e a postura social das empresas. Como exemplo, pense no nicho da cosmética. Diversas pessoas que defendem causas animais optam por consumir produtos feitos por corporações que não testam suas fórmulas em seres vivos. 

Além dos impactos de sua postura social, a forma como a organização lida com sua ética pode gerar desdobramentos financeiros. 

Já ouviu falar em valuation? Esse termo se refere ao valor de uma empresa no mercado financeiro. Quanto maior, mais a marca atrai parcerias, investimentos e clientes. 

E um dos fatores que balizam essa prática é o potencial de uma companhia para lidar com dilemas éticos e problemas de Compliance. Percebe como é importante que a organização busque atuar em conformidade com seus valores? 

Para fechar este assunto, vamos refletir sobre alguns dados do livro “Pré-Suasão”, escrito por Robert Cialdini. A obra expõe informações interessantes sobre empresas que adotam uma cultura antiética:

  • O desempenho interno tende a ser 20% menor do que o de uma companhia ética;

  • As pessoas colaboradoras ficam mais desanimadas e desmotivadas no espaço laboral;

  • 80% dos membros da equipe preferem sair em busca de um novo emprego (aumentando a rotatividade – turnover - interno);

  • As chances de maior erros humanos que prejudiquem a instituição aumentam em 77%.

Desenvolvendo uma ética sólida

Deve-se atuar com estratégia para reforçar os valores éticos e garantir que eles façam parte do dia-a-dia de todas as pessoas.

Para firmar uma cultura organizacional ética, a área de Compliance, junto ao RH, precisa ultrapassar os moldes de um conhecimento abstrato ao abordar conduta com as pessoas colaboradoras. A melhor maneira de fazer isso é  transformando o código de conduta em práticas sólidas na corporação. 

Essas devem ser vivenciadas no cotidiano de trabalho. Sendo vistas não somente em ocasiões excepcionais (como resolução de conflitos) ou nas exigências de mercado, mas como parte de um comportamento espontâneo das pessoas colaboradoras.

Vejamos a seguir três ações importantes para criar uma cultura ética:

Identifique os valores da empresa

Quais valores norteiam a empresa? Melhor dizendo, fazem parte da cultura da sua organização? 

Esses comportamentos englobam a missão, propósito e visão do negócio. Caso ainda não tenha definido e identificado, é importante começar o quanto antes. Uma vez que, serão os norteadores da cultura ética.

Para identificar e defini-los, a área de Compliance junto ao RH devem considerar:

  • A visão adotada dentro do nicho de atuação;

  • A missão que a empresa adota para si dentro das dinâmicas do mercado;

  • O estilo de comunicação que pretende adotar com os principais stakeholders;

  • A trajetória da empresa até o presente momento;

  • As virtudes, crenças e posturas esperadas das pessoas colaboradoras. 

Crie um código de conduta claro e abrangente

Toda e qualquer orientação se torna mais fácil de ser colocada em prática quando é transmitida de forma clara. 

Se a organização deseja que as pessoas conheçam e adotem os princípios da ética empresarial, é indispensável que os principais pontos estejam compilados de maneira acessível e objetiva.

O melhor canal para compilar todas as diretrizes é o código de conduta. Um documento que vai ser o alicerce das relações construídas por meio da atividade empresarial.

Para que ele tenha aderência, lembre-se de redigir as normas com clareza, a fim de evitar interpretações incorretas. 

Além disso, ele deve ser abrangente, sendo capaz de nortear as equipes perante inúmeras situações casuais da rotina. 

Leia também: Conheça os aspectos indispensáveis de um código de conduta

A liderança como exemplo 

Como pessoas guardiãs da cultura de uma empresa, esse grupo deve ser o primeiro a ser treinado e conscientizado sobre o código de ética da empresa.

Nesses treinamentos, a gerência pode aprender boas práticas de acolhimento e escuta ativa. Assim, estarão preparadas para lidar com situações de má conduta de forma humanizada e imparcial.

Para garantir que as equipes estejam sempre na mesma página, vale atualizar esses encontros entre lideranças, Compliance e RH com a finalidade de promover e fortalecer o que é esperado como código de ética.

Leia também: Os Impactos da Lei Anticorrupção e a importância do Compliance

Estratégias para ensinar e reforçar valores éticos no dia-a-dia

A ética pode ser dividida em duas categorias: das convicções e das responsabilidades

A primeira rege o comportamento (emoções, sentimentos e ações), já a segunda direciona a reflexão, ou seja, o que acontecerá caso uma norma não seja seguida.

Ambas são importantes para a criação de uma cultura organizacional ética e segura.  E podem ser inseridas no contexto empresarial por meio de estratégias específicas, como você verá a seguir. 

Realize treinamentos e capacitações

Os treinamentos de compliance são ideais para contar às equipes que tipo de comportamentos são incentivados ou não naquele espaço de trabalho. 

A partir desse código de cultura, é possível ensinar pessoas a mapearem comportamentos antiéticos e como lidar com eles, como assédios, discriminação, corrupção e bullying. 

Para atrair a atenção e o engajamento, o RH e setor de Compliance podem usar alguns métodos e ferramentas, como: 

  1. Dinâmicas em grupo;

  2. Treinamentos gamificados;

  3. Workshops;

  4. Consultoria especializada.

Se a sua empresa deseja realizar treinamentos em Compliance, mas não possui os requisitos ou a expertise necessária para esta tarefa, nós estamos aqui para oferecer o suporte ideal. 

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Faça avaliações e auditorias

Quando o código de ética for implementado, é essencial que a empresa realize avaliações e auditorias. O objetivo é entender até que ponto as diretrizes estão sendo cumpridas e se há brechas para melhorias ou atualizações. 

Adote um comitê de ética

Um comitê de ética é composto por pessoas de diferentes posições hierárquicas e departamentais cuja missão é avaliar como a empresa adota seus princípios na rotina e analisar se as decisões tomadas foram imparciais e assertivas.

Ele também serve como ferramenta para discussão das normas e reflexões sobre o código interno da organização, a fim de torná-lo aderente e alinhado às expectativas do comitê executivo e das pessoas colaboradoras.

Se sua empresa não conta com um comitê como este, saiba que ele pode se mostrar uma excelente ferramenta para garantir adesão das pessoas ao código de conduta e também a reduzir casos de má conduta.

Se a missão do Compliance é reduzir desvios nas relações de trabalho, o caminho começa a se tornar mais sólido e bem pavimentado quando se discutem esses temas de forma ampla, e quando há clareza de todos sobre as normativas internas.

Portanto, para concluir este artigo, pense quais caminhos apontados aqui se encaixam à rotina da sua empresa e como eles podem ser adaptados e colocados em prática para elevar o conhecimento de todas as pessoas colaboradoras sobre os princípios éticos da sua organização. 

Caso necessite de apoio para dar visibilidade ao tema, não deixe de conversar conosco.

Colocamos à sua disposição um time capacitado e pronto para auxiliar sua companhia com temas relevantes para o setor de RH e Compliance para a busca do crescimento corporativo saudável e transparente do seu negócio.

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