Como falar sobre Compliance com a sua equipe de forma acessível

O Compliance desempenha um papel vital para o funcionamento e sucesso das empresas, independente do mercado em que atuam. Porém, pela complexidade de leis e regulamentos, é comum que as atribuições dessa área não fiquem claras e pareçam distantes dos outros setores que existem dentro de uma organização. 

Na maioria das vezes, “compliance” é associado às ideias de risco, fiscalização ou proibição, o que faz com que os processos da área pareçam inacessíveis, ou apenas desinteressantes, para quem não fala o “juridiquês”

Neste artigo, aborda-se a importância de manter o Compliance como pilar estrutural de todas as áreas de uma empresa, atravessando cada processo, tarefa e decisão, de modo que as políticas internas definidas no código de conduta não existam apenas nos documentos.

Compliance é assunto - e responsabilidade - de toda a empresa

Em um artigo divulgado pela Harvard Business Review, o professor George Serafeim faz uma comparação bem interessante: Programas de Compliance não devem ser tratados “como uma capa para celular - algo colocado apenas para proteção”. Sendo assim, não devem ser entendidos como algo separado das outras funcionalidades daquele celular, servindo apenas como barreira para eventuais conflitos. É essencial que este esteja incorporado à estratégia do negócio como um todo.

A percepção pública e a reputação corporativa entre stakeholders são cada vez mais definidas pelo desempenho ético de uma empresa, e pela ameaça de penalidades para aquelas que violam os requisitos de conformidade. Afinal, dificilmente uma empresa vai estar em dia com suas obrigações enquanto mantém uma cultura corporativa defeituosa.

Nesta lógica, é preciso educar toda a empresa para que consigam olhar além da ideia de “políticas” e “regulamentações” quando o assunto é conformidade legal. Criar uma cultura de Compliance é equipar cada pessoa colaboradora com as ferramentas e habilidades necessárias para lidar com as complexidades do ambiente de trabalho e, assim, criar um espaço em que estas possam desempenhar suas funções com mais segurança e eficiência.

O primeiro passo para isso é estabelecer um objetivo comum dentro da organização: manter a integridade e a segurança como ponto focal de todas as áreas. Mas como abordar o tema com as equipes e driblar a ideia de que treinamentos de Compliance são longas e tediosas apresentações, que não passam de obrigatoriedades para aquela organização?

Separamos algumas lições trazidas pelo time de Sucesso do Cliente da SafeSpace, a partir de ativações e treinamentos feitos com as empresas clientes.


4 formas de tornar a conversa produtiva

Busque projetar cenários reais

Associar um treinamento de Compliance a cenários reais, comuns do ambiente de trabalho, faz com que as pessoas colaboradoras consigam aplicar os aprendizados em seus próprios contextos. 

Trazer cases de outras companhias é uma maneira de criar conexão entre a realidade da sua empresa e possíveis problemas de má conduta, por exemplo. Aqui, o importante é criar identificação entre as equipes e os assuntos abordados, fazendo com que estas pessoas se sintam mais confortáveis em reconhecer e reportar casos de mau comportamento.

Torne a conversa um momento de troca

Incentivar a participação e interação durante os treinamentos enriquece o aprendizado e retém a atenção das pessoas colaboradoras. Se considerarmos o ambiente online, a prática cria um envolvimento com quem está do outro lado da tela. Abra espaço para perguntas, debates e fortaleça a ideia de que aquele é um espaço seguro para o diálogo.

Elimine o estigma sobre temas sensíveis

Alguns assuntos são mais difíceis de serem discutidos, e isso é inegável. Ainda sim, o desconforto criado por entrar em temas sensíveis é um pequeno preço a se pagar para trazer à tona desvios comuns de conduta dentro dos ambientes de trabalho.

Existe a ideia do que é ou não aceitável dentro daquele espaço? Sim. Mas é necessário assumir uma postura ativa para combater problemas de comportamento. Abrir esse tipo de discussão deixa claro o compromisso da empresa.

Passe direto pelo “proibir” e vá até o “fazer entender”

Uma empresa pode ter que lidar com medidas punitivas por não conformidade quando se trata do comportamento de suas pessoas colaboradoras, incidentes de segurança, denúncias de fraude, etc. 

A postura punitivista é um ponto de partida e, claro, é muito importante para criar limites e regras dentro do ambiente de trabalho. Porém, transmitir uma mensagem "anti-" leva mudanças apenas até certo ponto, uma vez que não necessariamente cria uma cultura segura. 

Tente olhar para a situação da seguinte forma: quando alguém assiste a um vídeo ou a uma palestra sobre o combate ao assédio sexual, não necessariamente esta pessoa vai questionar e mudar sua conduta. Ou, ainda: mudará, mas para não enfrentar as consequências que ali foram apresentadas.

Lembre-se sempre que por trás dos desconfortos e desvios éticos existem pessoas, com bagagens e visões diferentes. Promover mudanças efetivas demandam um entendimento de como e por que problemas de comportamento criam raízes em ambientes corporativos, e é importante que os treinamentos tragam esta abordagem.



Entenda o Compliance como peça fundamental para o sucesso do negócio

Quando todas as áreas trabalham com uma compreensão clara dos requisitos de conformidade, as chances de aumentar a produtividade dos times e evitar violações são maiores. Empresas que voltam esforços para criar ambientes realmente seguros permitem que suas equipes realizem suas tarefas sem maiores preocupações com desvios éticos e de conduta no dia a dia.

E por aqui, sempre batemos na tecla que o tom precisa vir do topo. Neste caso não é diferente: os esforços devem começar e ser sustentados pelas lideranças, que modelam a importância da conformidade em suas próprias ações, passando o exemplo adiante. É essencial que C-levels estejam presentes nos treinamentos também.

Seguindo as etapas descritas acima, fica mais claro o caminho para criar uma conversa comum sobre Compliance. Construir uma imagem de integridade e segurança é trabalho para toda a organização, e deve ser prioridade dentro de qualquer negócio.


 
 
Anterior
Anterior

Inclusão de A a Z: o que é equidade, etarismo e estigma social

Próximo
Próximo

O assédio sexual no modelo de trabalho remoto existe, e é preciso combatê-lo