6 motivos para estratégias de ESG e Compliance apoiarem a pauta diversidade
De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, “todos somos iguais perante a lei e nenhuma distinção é admitida”. Ou seja, para fins legais, todos temos direito à vida, liberdade, igualdade, segurança, dentre outros direitos essenciais.
Na prática, os números mostram que mulheres, pessoas pretas e indígenas, pessoas LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência ainda estão em condição de desvantagem e enfrentam desafios dentro e fora do ambiente de trabalho.
Por que falar sobre diversidade no ambiente de trabalho?
No Brasil, dados recentes mostram que 41% das pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+ afirmam ter sofrido discriminação no ambiente de trabalho em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero e 61% preferem não revelar sua sexualidade a gestores e colegas de equipe.
Também é preocupante que, ainda que possuam o mesmo grau de escolaridade, idade e categoria de ocupação, mulheres ganham cerca de 20% menos que os homens.
Quando falamos de diversidade e inclusão a partir de um contexto mundial, uma pesquisa da Forbes apontou que embora 12,5% da população dos EUA seja negra, apenas 3,2% dos cargos de liderança sênior são ocupados por elas. Além disso, candidatos com nomes que soam brancos são 50% mais propensos a receber pedidos de entrevista do que nomes que soavam negros.
A construção de uma cultura pautada em iniciativas de diversidade e inclusão reflete tanto em impactos positivos em termos de responsabilidade social, ao dar espaço para grupos minorizados que ainda estão à margem do mercado de trabalho, como também fortalece a estratégia das organizações e as torna mais competitivas.
A seguir traremos 6 motivos para as estratégias de ESG e Compliance apoiarem a pauta da diversidade e serem protagonistas na construção de uma cultura cada vez mais ética, segura e inclusiva.
6 motivos para a pauta diversidade fazer parte das estratégias de ESG e Compliance
Aumento da produtividade e decisões mais assertivas
Uma pesquisa comparou decisões tomadas individualmente com equipes compostas exclusivamente por homens e equipes que tinham diversidade de gênero.
Enquanto as equipes integralmente masculinas tomavam decisões melhores em 58% das vezes, esse percentual sobe para 73% em se tratando de equipes com diversidade de gênero.
Além disso, equipes mais inclusivas tomam decisões duas vezes mais rápido e com metade das reuniões.
Os dados acima evidenciam não apenas a importância da diversidade na organização, mas também reforçam a presença de pessoas diversas em posições estratégicas para tomada de decisões, como é o caso de cargos c-levels e na composição de conselhos de compliance e governança corporativa.
2. Melhor desempenho financeiro
Agilidade na tomada de decisões assertivas refletem diretamente no aumento da produtividade e do desempenho financeiro da organização.
É o que mostra a pesquisa da Bain and Co, empresa que lidera iniciativas quando o assunto é diversidade e inclusão.
Segundo pesquisa feita pela companhia, decisões eficientes e retorno financeiro se correlacionam com uma taxa de confiança de 95% ou mais para cada país, setor e tamanho de empresa dentre os negócios que fizeram parte do estudo.
Assim, quando a construção de uma cultura mais diversa e inclusiva passa a ser considerada em estratégias de ESG e no Programa de Compliance para empresas pequenas, médias e grandes, não apenas decisões melhores são tomadas, como também a organização ganha em termos de performance financeira.
Também nesse sentido, relatório da consultoria Mckinsey & Company, “A diversidade como alavanca de performance”, evidencia que empresas com diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de sucesso, já as com diversidade de gênero tendem a ser 21% mais lucrativas.
3. Benefícios para a reputação e imagem do negócio com pessoas investidoras
Iniciativas em diversidade e inclusão são uma exigência não apenas dos consumidores e da sociedade como um todo, mas também de pessoas investidoras que estão continuamente em busca de negócios que entreguem o equilíbrio entre entregas de alta performance e impactos positivos e sustentáveis a longo prazo.
Larry Fink, CEO da BlackRock, companhia gestora de investimentos, comentou que "empresas com conselhos e líderes com um mix de gênero, etnias, experiências de carreira tem, como resultado, um mindset mais diverso e atento. Elas conseguem identificar melhor oportunidades que geram crescimento no longo prazo.”
Como podemos concluir a partir dos dados apresentados até aqui, diversidade e inclusão estão diretamente correlacionadas com melhores desempenhos e maior lucratividade.
Desse modo, essas empresas se tornam mais atraentes também para pessoas investidoras, uma vez que ambientes diversos e inclusivos fortalecem a reputação do negócio, evitam comportamentos de risco e, consequentemente, perdas financeiras.
4. Estímulo à inovação e criatividade
Em estudo da Hay Group do Brasil, 76% das pessoas entrevistadas afirmaram que se sentem mais seguras para expor suas ideias e inovar no trabalho quando estão em um ambiente diverso.
Aqui também é importante destacar que quando pessoas que possuem um contexto distinto trabalham juntas e em colaboração, contribui-se para a criação de um ambiente mais inovador e criativo, em que as decisões tomadas são reflexo desse repertório coletivo e diverso.
5. Redução de conflitos internos
Quando o respeito às diferenças é internalizado na cultura organizacional e passa a orientar a relação entre pessoas colaboradoras, percebe-se uma redução de conflitos em um comparativo entre empresas plurais e não plurais.
Nesse sentido, estudo da Harvard Business Review apontou que a redução de conflitos pode chegar a até 50%.
Isso se explica pelo fato de que uma cultura diversa que incentiva o respeito, a escuta ativa e o diálogo acaba por refletir no empoderamento das pessoas colaboradoras, na qual a tendência passa a ser a resolução de tensões de forma preventiva, antes que elas se tornem grandes problemas, e a partir de uma conversa aberta e pacífica.
Nesse ponto, destacamos o papel do Canal de Escuta como uma ferramenta essencial para o Programa de Compliance para empresas pequenas, médias e grandes.
Através desses sistemas é possível monitorar, identificar e dar visibilidade para a resolução de problemas de comportamento no ambiente de trabalho.
6. Atração e retenção de talentos
Por fim, considerando os custos elevados que envolvem a disputa pelos melhores talentos em processos de recrutamento, bem como ações para aumentar a retenção, relatório da Deloitte mostra que 80% das pessoas colaboradoras consideram a inclusão um fator importante na escolha de um emprego.
Uma cultura diversa e inclusiva fortalece o senso de pertencimento e contribui para um diálogo aberto entre pessoas colaboradoras, o que traz benefícios para a saúde mental dentro e fora da organização e acaba atraindo talentos que buscam mais que uma remuneração.
Como vimos até aqui, a pauta diversidade e inclusão deve ser considerada um pilar fundamental para Programa de Compliance para empresas pequenas, médias e grandes que visam se manter competitivas no mercado, combinando lucro e alta produtividade com a responsabilidade social de dar voz e espaço aos grupos minorizados.