Inclusão de A a Z: o que é feminicídio e feminismo
Cada vez mais pessoas falam sobre Diversidade e Inclusão de pontos de vista diferentes, e a discussão chegou no mundo corporativo com força. Um novo mercado de D&I está se formando como reflexo dos avanços sociais que vivemos e estar por dentro desta mudança é necessário.
Além da chegada das novas gerações, que trazem novos ideais para o cenário, movimentos como o #metoo e o #blacklivesmatter fomentaram esta discussão a nível global. Empresas começaram a entender que não existe mais espaço para culturas organizacionais não inclusivas, mas é essencial que a mudança venha de dentro para fora.
Assim como tudo que é novo e propõe desconstruções, é normal que dúvidas surjam. Práticas de Diversidade e Inclusão, por exemplo, trazem para o dia a dia alguns termos que não eram comumente usados. Pensando nisso, a SafeSpace criou o dicionário “Diversidade e Inclusão de A a Z”, que pode ser baixado neste link. Em um só material, você encontra várias definições que vão te ajudar neste aprendizado.
Por aqui, todo mês exploramos algumas palavras que estão por lá. Assim, além de saber seus significados, você pode entender suas aplicações na prática. Na edição de hoje trouxemos 2 termos que compõem a letra F do dicionário: feminicídio e feminismo. Boa leitura!
Feminicídio
Em sua definição, o feminicídio é um homicídio praticado contra uma mulher ou menina por questões de gênero. O crime é classificado dessa forma quando suas motivações estão associadas à violência doméstica e ao menosprezo ou discriminação à condição feminina.
A diferença entre homicídio e feminicídio requer um entendimento dos problemas patriarcais e machistas que acometem nossa sociedade. Nem toda vez que um homicídio for cometido contra uma mulher, será considerado feminicídio. Por exemplo, caso uma mulher testemunhe outro crime e as pessoas envolvidas tirem sua vida, a lei não irá considerar feminicídio por se tratar de um crime praticado para ocultar outro. Entretanto, quando uma mulher é morta porque o seu marido não aceita que ela trabalhe fora de casa ou porque um ex-companheiro sente posse em relação a ela, então será um feminicídio.
A promotora de Justiça de São Paulo Valéria Scarance, especializada em gênero e enfrentamento à violência contra a mulher, diz: "O homem mata a mulher por causa de alguma postura adotada por ela que o faz sentir desafiado, desautorizado. É muito comum quando ela se recusa a sair com ele ou quer terminar uma relação. É considerada uma morte por menosprezo, uma manifestação de crime de ódio.”
A origem da palavra é recente, ouvida pela primeira vez em 1998 quando Marcela Lagarde y de Los Rios, antropóloga mexicana, descreveu alguns casos de mortes cruéis de mulheres como não isolados, gerados pelo sentimento de aversão ao gênero.
No Brasil, os números são alarmantes e deixam clara a urgência do tema: de acordo com uma pesquisa divulgada pela UOL, o país registra 1 caso de feminicídio a cada 7 horas.
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Feminismo
O feminismo é um movimento que defende a igualdade social e de direitos para as mulheres e luta contra o sistema patriarcal e machista dominante.
A origem do movimento foi há alguns séculos atrás e assumiu um papel muito importante na construção da nossa sociedade. Os homens foram detentores de todo o controle político e social por grande parte do tempo, e a posição das mulheres era de subordinação: limitava-se ao trabalho doméstico e reprodutivo.
É de extrema importância destacar que não existe um movimento feminista único, porque deve ser considerado em tempos cronológicos, desigualdades e contextos diferentes. Cada grupo de mulheres possui uma realidade diferente, passando por gênero, raça, sexualidade e classe.
Durante a história, o feminismo teve ondas que marcaram essas reivindicações específicas de forma desigual - como o movimento sufragista, por exemplo. Nele, mulheres negras não eram consideradas qualificadas para o direito ao voto.
Por conta da existência de ideologias divergentes dentro do movimento, o feminismo se divide em algumas vertentes, ainda que todas preguem uma sociedade menos desigual. Aqui, vamos explicar duas delas:
O que é o Feminismo Liberal?
É uma das vertentes mais antigas do feminismo, com surgimento na Revolução Francesa. Esse movimento defende a legislação como a única forma de alcançar a garantia de direitos para as mulheres.
Esse grupo do movimento é frequentemente questionado por não considerar recortes sociais como raça e classe, trazendo uma abordagem superficial do sistema de opressão.
O que é o Feminismo Interseccional?
Nesta vertente, existe um aprofundamento para entender de que forma diferentes grupos sociais sofrem com o sistema de opressão. O movimento entende as diferentes lutas das mulheres ao considerar suas particularidades.
Um exemplo simples de ilustrar: uma mulher branca, mãe, vai enfrentar lutas diferentes de uma mulher mãe, negra. O mesmo se aplica para outros marcadores sociais, já mencionados nesse artigo, como gênero, sexualidade e classe.
Vale ressaltar a importância do feminismo para a história da mulher no mercado de trabalho. As empresas, cada vez mais, reconhecem suas responsabilidades e papéis na formação cultural da sociedade - para além de seus negócios, e o movimento foi peça chave para que elas avançassem em termos de Inclusão. Por isso, é essencial que o tema faça parte da narrativa das organizações.