Confiança e desempenho profissional: o que os dados ensinam sobre gestão de conduta?
No ambiente corporativo, a confiança entre lideranças e pessoas colaboradoras se destaca como um catalisador essencial para o desempenho profissional e o sucesso organizacional. Este artigo explora a interseção entre confiança e conduta no ambiente de trabalho, revelando insights valiosos a partir de dados e pesquisas.
A confiança no ambiente de trabalho é definida como um compromisso coletivo baseado na crença compartilhada de que cada profissional é confiável, competente e comprometido com o bem-estar e sucesso mútuos, influenciando diretamente a dinâmica entre lideranças e pessoas lideradas.
Nesse contexto, a gestão de conduta surge como um elemento essencial para a consolidação e fortalecimento da confiança, moldando a forma como as interações ocorrem e como os princípios éticos são incorporados à cultura organizacional.
Quando uma empresa investe em uma gestão de conduta eficaz, o aumento da confiança entre colaboradores, lideranças e a organização é inevitável. Os benefícios desse processo são abrangentes, englobando melhorias na comunicação, colaboração, capacidade aprimorada de gerenciamento de riscos e conformidade.
Compreender como a gestão de conduta é uma ferramenta estratégica na promoção da confiança entre líderes e colaboradores, não apenas ajuda na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos, mas também revela práticas capazes de impulsionar o sucesso sustentável das organizações.
Confiança entre lideranças e seus times: um fator decisivo
A ausência de confiança torna o papel da liderança mais difícil. De acordo com uma pesquisa da Harvard Business School, as pessoas colaboradoras têm passado a confiar mais em suas lideranças profissionais do que instituições ou autoridades governamentais. Isso se acentuou em meio a um cenário de crises econômicas globais e guerras.
Segundo o estudo, a confiança está na base das organizações de maior sucesso. Isso porque nelas as pessoas se sentem mais à vontade para correr riscos, se expressar com liberdade e inovar. Tarefas são executadas com mais facilidade, uma vez que as pessoas tendem a colaborar e se comunicar de formas mais produtivas.
Profissionais em organizações com altos níveis de confiança reportaram: 74% menos estresse; 106% mais energia no trabalho; 50% maior produtividade; 13% menos dias de doença; 76% mais engajamento; 29% mais satisfação com suas vidas; 40% menos esgotamento (burnout).
Esses números são comparativos com empresas com baixos níveis de confiança. Nestas empresas, os profissionais frequentemente enfrentam conflitos internos e políticas, resultando em sobrecarga.
Outra consequência da baixa confiança é a retenção de informações e o acúmulo de recursos, pois as pessoas não se sentem seguras para compartilhar. Isso resulta em um processo de tomada de decisões mais lento e menos eficaz.
O relatório “2022 Edelman Trust Barometer Special Report: Trust in the Workplace” sobre confiança no ambiente de trabalho apresentou dados relevantes sobre a relação entre esse sentimento e a lealdade, defesa, comprometimento e engajamento. Veja o gráfico abaixo:
A representação visual acima destaca de forma didática a diferença que a confiança faz na relação entre colaboradores e empresas. O antigo clichê de "vestir a camisa da empresa" é desafiado, mostrando que para que a equipe se comprometa verdadeiramente, é necessário construir um ambiente pautado pela confiança.
Impacto da confiança (ou falta dela) no desempenho profissional
Com os dados apresentados até agora, torna-se evidente o papel crucial que a confiança desempenha no dia a dia profissional e como esse valor pode impulsionar a produtividade nas empresas.
Em 2023, o Slack lançou um estudo reforçando o papel deste sentimento como um dos principais motores para a produtividade. No entanto, o mesmo estudo demonstrou que 1 em cada 4 profissionais sentem que não recebem confiança suficiente em seu ambiente de trabalho.
Os resultados apresentados pela pesquisa, que contou com a participação de mais de 10 mil pessoas, indicam que a confiança precisa ser uma via de mão dupla.
O estudo propôs uma classificação da produtividade no ambiente de trabalho, com variação entre -60 e +60. A pontuação daqueles que afirmaram sentir confiança de seus empregadores foi de +37,5, enquanto aqueles que declararam que seus empregadores não confiam neles atingiram +19,4.
Pessoas colaboradoras que se sentem confiáveis relataram:
Foco 2,1 vezes maior;
Produtividade 2 vezes maior;
Senso de pertencimento 4,2 vezes maior;
Satisfação geral com o trabalho 4,3 vezes maior.
A confiança também impulsiona outros aspectos da vida dentro e fora do trabalho, como evidenciado no gráfico abaixo:
Esses números demonstram como a confiança, quando cultivada no ambiente de trabalho, melhora não apenas o desempenho profissional, mas também a saúde mental.
Cultivar a confiança depende de cultura de transparência. O estudo feito pela Slack reforça esse dado: pessoas colaboradoras que afirmam que sua liderança é transparente são 1,6 vezes mais propensas a se sentirem confiáveis.
Os dados apresentados reforçam a relevância crítica da confiança no contexto profissional. A pesquisa da Slack destaca o papel da confiança para melhoria não apenas do desempenho, mas da saúde mental das pessoas colaboradoras.
No entanto, para que isso se torne parte do cotidiano profissional, é essencial que as empresas invistam em meios para garantir que uma cultura de confiança seja estabelecida. Do ponto de vista estratégico, a gestão de conduta pode ser uma virada de chave para organizações que buscam mais transparência, ética e confiança.
Como a gestão de conduta favorece a confiança no ambiente de trabalho
Os problemas de conduta afetam diretamente a confiança que as pessoas colaboradoras têm entre si e entre suas lideranças, assim como na empresa como um todo.
Quando esses desvios não recebem a devida atenção ou não são tratados de maneira adequada, o compromisso coletivo, que é a base da confiança organizacional, pode ser quebrado, resultando em repercussões negativas para toda a equipe.
Reconhecemos que a má conduta no ambiente de trabalho é inevitável, mas agir proativamente para preveni-la é uma maneira eficaz de fortalecer o pacto coletivo sobre o qual se assenta o sentimento de confiança.
Por esse motivo, a gestão de conduta se revela como uma estratégia eficiente para reduzir riscos, desenvolver uma cultura de transparência e impulsionar a ética e a segurança entre as pessoas colaboradoras.
A prevenção de desvios de comportamento e o fortalecimento da confiança entre pessoas colaboradoras, lideranças e a empresa são atividades convergentes. Os pilares que sustentam a gestão de conduta exercem uma influência direta nos níveis de confiança da empresa.
Veja como podemos relacionar os pilares da gestão de conduta com o fortalecimento da confiança no ambiente de trabalho:
Direcionar: as ações de direcionamento aumentam a transparência, estabelecendo diretrizes culturais e de conduta. Isso proporciona a todos um entendimento claro de como agir diante das situações do dia a dia profissional.
Prevenir: com enfoque educacional e preventivo, as ações deste pilar capacitam colaboradores e líderes para lidar com temas sensíveis, promovendo uma linguagem e entendimento comum sobre condutas aceitáveis ou não, limites, medidas disciplinares, etc. Além disso, este pilar contempla ferramentas como a pesquisa de clima e de confiança, centrais para melhorar a transparência e a visibilidade de riscos.
Detectar: embora seja essencial que a empresa tenha capacidade de direcionar e prevenir riscos, ela também deve oferecer meios para que as pessoas possam se comunicar com segurança e confidencialidade sobre problemas dos quais foram vítimas. O uso de ferramentas como o Canal de Relatos tem um papel de destaque nesse processo.
Corrigir: a empresa deve ser transparente quanto às medidas disciplinares tomadas em casos de desvio de conduta. Dessa forma, todas as pessoas desenvolvem um senso de responsabilidade em relação a si e aos outros, e a tomada de decisão diante dos problemas é mais assertiva.
Ao implementar a gestão de conduta, os colaboradores passam a confiar na capacidade da empresa em lidar com desvios de comportamento, promovendo um ambiente mais saudável.
Simultaneamente, ao utilizar ferramentas como o Canal de Relatos e promover Pesquisas de Clima e de Confiança, também se fomenta a transparência necessária para que a confiança seja cultivada como um valor essencial na organização.