Gestão de conduta: por que é necessária uma nova abordagem?

Os números demonstram que as empresas brasileiras estão cada vez mais preocupadas com questões relacionadas à conduta das pessoas colaboradoras. Um levantamento da Deloitte, por exemplo, demonstra que 73% das empresas brasileiras pretendem investir em treinamentos sobre integridade corporativa até o fim de 2024.

No entanto, ainda é comum ver casos nos quais as empresas optam por uma abordagem reativa em relação aos problemas comportamentais no ambiente de trabalho. Assim, primeiro é necessário que haja algum tipo de desvio para que, então, as equipes responsáveis tomem alguma medida.

Não precisamos falar sobre o quão problemática é essa percepção. Além de causar impacto negativo na vida pessoal e profissional das vítimas, essa forma de lidar com casos de desvio de conduta não favorece a conscientização e tende a seguir um viés punitivista.  

Com a evolução das dinâmicas organizacionais e a compreensão cada vez maior das falhas estruturais que favorecem a desigualdade social e de gênero no ambiente de trabalho, é essencial que as empresas passem a atuar de forma preventiva. Isso significa que todas as pessoas envolvidas com a gestão da conduta – lideranças, RH e Compliance – devem assumir uma postura proativa.

Os benefícios dessa mudança são claros:  

  • As pessoas colaboradoras passam a ter mais confiança de que a empresa tem capacidade em lidar com casos de má conduta;

  • Os níveis de engajamento e produtividade são impactados positivamente, enquanto taxas de turnover e absenteísmo tendem a cair;

  • A empresa passa a atuar de forma perceptível para construir um ambiente de trabalho mais ético, que ofereça segurança psicológica e integridade.

 Mas como tornar a gestão de conduta em sua empresa mais proativa? Como elaborar estratégias para garantir que a abordagem à má conduta seja preventiva em vez de reativa? Quais ferramentas podem ajudar no dia a dia da gestão da conduta? Vamos conversar sobre isso e muito mais neste artigo.

Boa leitura!


 

Má conduta: problemas vão acontecer, como lidar com eles?

Apenas nos primeiros sete meses de 2023, o Ministério Público do Trabalho recebeu 8,5 mil registros de assédio moral e sexual. Já uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, demonstrou que 52% das pessoas colaboradoras são afetadas por assédio e outras formas de má conduta no trabalho.

Números como esses reforçam a tese de que nenhuma empresa está livre de problemas de comportamento e, por esse motivo, é necessário ter uma postura proativa focada em educar, prevenir, detectar e corrigir desvios de conduta. Os prejuízos gerados pela má conduta impactam não apenas as pessoas, mas a empresa como um todo.

Mas antes de prosseguir, o que você entende por má conduta no ambiente de trabalho?

Em seu sentido amplo, má conduta no ambiente de trabalho se refere a qualquer forma de comportamento, ação ou conduta que seja inaceitável do ponto de vista ético e moral. No entanto, embora correta, essa definição ainda abre espaço para interpretações e pode criar problemas no dia a dia.

Para tornar mais específico o que cada empresa entende por má conduta, é importante que empresas ofereçam documentos e treinamentos para sua equipe. Esses materiais devem trazer definições tangíveis sobre o que é aceito e o que não é aceito, sobre o que se espera do comportamento de cada profissional e quais medidas podem ser tomadas em casos de desrespeito às normas.

 

Como enfrentar a má conduta no ambiente de trabalho

Os desafios relacionados à má conduta no ambiente de trabalho demandam estratégias eficazes para preservar a integridade das pessoas colaboradoras e das empresas.

É necessário que todo o time esteja em consonância em relação ao tema e cabe às lideranças, além das equipes de RH e Compliance, garantir que os valores e normas da empresa estejam presentes no dia a dia laboral.  Confira algumas dicas práticas que vão ajudar a lidar com a má conduta no dia a dia.

  • Estabelecer políticas de conduta claras e abrangentes;

  • Fomentar uma cultura de transparência e educação;

  • Investigar problemas de forma imparcial e com eficiência;

  • Implementar medidas disciplinares justas e com foco na correção;

  • Fomentar a educação e melhoria contínua em torno da conduta esperada.

Em resumo, lidar com a má conduta no ambiente de trabalho requer uma abordagem proativa, combinando políticas robustas, cultura de transparência, investigações eficientes, medidas disciplinares justas e um compromisso contínuo com a melhoria. É um trabalho coletivo que envolve todas as pessoas colaboradoras e exige que o tema esteja sempre presente na pauta, de modo que todos se vejam no papel de guardiões da integridade e da promoção da ética na empresa.

 

O que é gestão de conduta e por que ela é necessária?

Como vimos, a maneira mais eficiente de lidar com problemas de conduta no ambiente de trabalho passa por assumir uma postura proativa, com foco na conscientização, educação e prevenção do problema. Mesmo as ações disciplinares devem ser pensadas de forma a corrigir o problema.

Tudo isso está englobado no que chamamos de Gestão de Conduta. Trata-se de um conjunto de ações proativas das áreas de RH e Compliance, que ajudam stakeholders da organização e, principalmente, lideranças a entenderem por que e como deveriam contribuir para a construção de um espaço seguro no trabalho.

Esse processo também envolve escutar as pessoas colaboradoras de forma ativa, com o objetivo de evitar que problemas sejam resolvidos antes de escalarem, exigindo resoluções do Compliance. Quando uma empresa opta por fazer gestão de conduta, ela busca identificar situações de risco o mais cedo possível, utilizando dados e informações para prevenir e evitar que se agravem.

Além disso, as equipes responsáveis pela gestão de conduta podem se apoiar em ferramentas e documentos para traduzir todos esses princípios para o time inteiro. Vale ressaltar que a gestão de conduta também abrange a investigação de relatos, o mapeamento de padrões de comportamento e as ações educativas, como treinamentos preventivos.

Essa abordagem prevê uma mudança de paradigma que atinge todos os processos e a maneira como se faz gestão da conduta nas empresas. A construção de um ambiente mais seguro impacta positivamente indicadores de desempenho e produtividade, favorece a segurança psicológica e diminui os riscos aos quais a empresa está exposta.

A gestão de conduta proativa é uma necessidade diante dos números alarmantes relacionados a problemas de comportamento no trabalho. Não se pode naturalizar os milhares de casos de assédio, discriminação, racismo, entre outros, que são confirmados pelas estatísticas dos órgãos reguladores. 

Da mesma maneira, é essencial que as organizações entendam sua responsabilidade social na desconstrução de estruturas que  favorecem a violência contra grupos minorizados.

 

Metodologia de gestão de conduta: como garantir o sucesso de sua estratégia?

Construir uma gestão de conduta eficiente não é algo simples ou óbvio, até porque são poucas as empresas que estão acostumadas a fazer esse tipo de trabalho.

Pensando em formas de auxiliar o mercado a desenvolver processos escaláveis e assertivos para garantir que o comportamento das pessoas colaboradoras esteja ajustado às expectativas do negócio, desenvolvemos uma metodologia que busca otimizar processos e garantir um uso mais eficiente das ferramentas disponíveis.

Uma gestão de conduta estratégica, capaz de produzir as mudanças necessárias no mercado atual, se apoia em quatro pilares:

Para cada um desses pilares, contamos com estruturas de apoio, às quais chamamos de artefatos. Seu objetivo é sustentar cada uma das etapas descritas acima.

No entanto, eles não são estanques, uma vez que a gestão circular possibilita que um artefato originalmente criado para sustentar um pilar seja utilizado para estabilizar outro. Confira os artefatos para cada um dos pilares:

Direcionar

  • Código de Conduta: define e orienta padrões de conduta ética esperada nas organizações.

  • Código de Cultura: orienta e promove valores e comportamentos da organização.

  • Políticas: estabelecem diretrizes de conduta sobre determinado tema.

  • Comitê de Ética: orienta a ética, garantindo integridade nas decisões e ações da organização.

Prevenir

  • Capacitações gerais: Fortalecer a cultura, bem como  orientar e promover as diretrizes da empresa.

  • Capacitação para liderança: Desenvolver tomadas de decisão éticas e criar disseminadores da cultura.

  • Pesquisa de clima: Identificar indícios de desvios de conduta e inadequação à cultura.

  • Pesquisa de confiança: Identificar o nível de confiança da estrutura de ética e integridade.

  • Matriz de Risco: Orienta a ética, garantindo integridade nas decisões e ações da organização.

Detectar

  • Canal de Relatos: detectar desvios de conduta.

  • Canal de Escuta: detectar lacunas nas diretrizes organizacionais.

  • Registro de conflito de interesses: detectar potenciais e reais conflitos de interesses.

Corrigir

Esse pilar se apoia nos artefatos de outros pilares e pode resultar na revisão de alguns deles. Um dos pontos de atenção é que a previsão de medidas disciplinares deve constar no Código de Conduta e tem por objetivo definir as formas de correção a serem aplicadas às pessoas que agirem em desconformidade com os padrões de gestão de conduta da empresa.

Entenda o nível de maturidade de sua empresa

De acordo com o grau de maturidade de uma empresa em sua estrutura de gestão de conduta é possível classificá-la em níveis. Uma organização que está no nível iniciante ainda precisa estabelecer o básico, que inclui a criação de um código de conduta, a condução de pesquisa de clima e a implementação do canal de relatos e de dúvidas.

Já uma empresa em nível avançado, deve trabalhar para garantir maior sustentação às tomadas de decisão e capacitação da equipe. Para tanto, artefatos como o código de cultura e o comitê de ética, assim como as capacitações de liderança e gerais atendem bem essa etapa.

Finalmente, no nível expert, cabe aprofundar diretrizes e mapear o quanto as pessoas têm de domínio dos artefatos implementados anteriormente. Nessa etapa, as políticas, pesquisa de confiança, conflito de interesses, gestão de fornecedores e matriz de risco devem ser observados.

Software de gestão de conduta: uma solução para construir relações de confiança

Com auxílio da tecnologia, as empresas passaram a ter acesso a soluções mais sofisticadas e seguras para enfrentar desvios de conduta. No entanto, quando observamos o cenário nacional, é perceptível como as pessoas colaboradoras ainda não confiam plenamente nas organizações para solucionar o problema.

Embora o Ministério Público do Trabalho estime um crescimento de 63,7% no volume de denúncias de assédio, o número de mulheres que procuraram o RH da empresa para relatar problemas ainda é pequeno, totalizando 4,3%. Os dados são de uma pesquisa realizada pela Think Eva. A grande maioria das vítimas (78,4%) acreditam que o abuso não será investigado.

Dados como esses demonstram que soluções pontuais não são o suficiente para reforçar a confiança e garantir que os problemas sejam resolvidos com eficiência. Elas também não são capazes de lidar com as questões estruturais que tornam o assédio e outros desvios de conduta tão presentes no cotidiano profissional.

Para atender essa necessidade, desenvolvemos um Software de Gestão de Conduta, voltado para empresas que querem construir relações de confiança e um ambiente de trabalho seguro. Essa solução foi projetada para fortalecer relações de confiança entre líderes e pessoas, dar visibilidade a problemas e uma chance da empresa resolvê-los internamente.

Nossa solução vai além dos canais de denúncias tradicionais disponíveis no mercado ao integrar diversos recursos que tem como foco atender todo o ecossistema de gestão de conduta, desde as lideranças às pessoas colaboradoras e outros stakeholders.

Assim, além de features tradicionais como relato anônimo e painel de gestão, buscamos inovação com atributos exclusivos que incluem uma plataforma de treinamentos assíncronos, maior capacidade de análise de dados e automações para agilizar processos, como a triagem inteligente.

Mas, mais do que um produto, acreditamos que somente uma mudança de perspectiva e uma nova abordagem do problema atingirão os resultados esperados. Isso significa reconhecer que desvios de conduta estão relacionados a problemas estruturais da sociedade e que eles vão acontecer, por isso sua equipe atuar preventivamente.

O Software de Gestão de Conduta, nesse contexto, foi pensado para atender empresas que querem promover ambientes de trabalho mais seguros e assumir uma postura proativa de enfrentamento a comportamentos inadequados.



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