Por que precisamos falar mais sobre bullying no ambiente de trabalho
Enquanto bullying nas escolas é um assunto bastante falado hoje em dia, poucas pessoas falam sobre e reconhecem atos de bullying fora do ambiente escolar. Infelizmente, atos de bullying são bastante comuns em outros espaços - o principal deles sendo o ambiente de trabalho.
Um estudo realizado na Universidade de Phoenix, nos EUA, estima que 75% dos funcionários americanos já foram vítimas de bullying em alguma etapa das suas carreiras profissionais. Outro estudo recente realizado na Irlanda, estima que esse problema leva a perda de um total 1.7 milhões de dias de trabalho, o que se traduz para um custo 250 milhões de euros para a economia do país por ano.
O termo "bullying" significa exatamente o quê?
É difícil classificar de forma tão precisa, já que atos desse tipo são subjetivos e o julgamento depende bastante do contexto do ocorrido. De modo geral, o bullying é um ato de abuso de poder, que pode ser projetado de forma psicológica, verbal e/ou física. Existem algumas outras características que podem nos ajudar a entender o que uma situação de bullying. Entre elas:
Atos de bullying são práticas intencionais e recorrentes. Eles não acontecem 'sem querer'.
O bullying pode causar danos físicos e/ou psicológicas à alguém.
Atos podem incluir (mas não se limitam à) tocar, gritar, ameaçar, bater, socar, zombar, ridicularizar, excluir
Geralmente são praticados na frente de outras pessoas com o objetivo de humilhar a vítima.
Além disso, em boa parte dos casos de bullying, o principal responsável acaba influenciando outras pessoas mais fracas que estão ao seu redor a participarem das agressões. Isso ajuda o bully a se esconder de modo que se o comportamento for identificado, o grupo passa a representar o problema - e não só ele como indivíduo.
Qual é a diferença entre bullying e assédio?
É comum que esses termos sejam usados como sinônimos, e, de fato, existem semelhanças entre situações de assédio e de bullying. A principal delas é que ambas podem ser caracterizadas como atos de abuso de poder. A diferença, em teoria, é que atos de assédio estão sempre ligados à algum atributo social, seja classe, raça, gênero, idade, etc da vítima ou posição de hierarquia na empresa. O bullying, por sua vez, pode incluir também agressões ligadas a características de personalidade da vítima e não precisa necessariamente está ligado à alguma posição de poder social ou organizacional.
Na prática, a diferença está no uso dos termos. O termo bullying é geralmente usado para se referir à situações de agressão recorrente porém percebidas como menos graves, já o termo assédio é usado para descrever incidentes vistos como mais severos - sejam eles recorrentes ou não.
As consequências do bullying no trabalho
Atos de bullying podem deixar as vítimas mentalmente e fisicamente esgotadas. Além disso, podem haver custos diretos para vítima, como perda de renda, oportunidades perdidas, custos médicos e custos legais. Em relação ao trabalho, sofrer bullying pode levar a perda de concentração, e uma diminuição de comprometimento com as tarefas do dia-a-dia.
Além do impacto negativo na vida das vítimas, que sem dúvida é a consequência mais séria do problema, atos de bullying no trabalho podem também gerar altos custos para organizações. Custos diretos relacionados à ausência no trabalho, turnover de funcionários, processos jurídicos e também custos indiretos relacionadas à queda de produtividade, danos à reputação e cultura da empresa.
Não espere que o bullying se torne um problema para começar a agir
O ponto mais importante para combater o bullying efetivamente é não esperar o problema escalar para fazer alguma coisa à respeito. Muitas vezes, bullies são protegidos dentro das empresas porque eles são bons profissionais. Quando sinais começam a aparecer, as pessoas responsáveis olham para o lado porque não querem encarar que existe um problema porque não querem interferir no dia-a-dia daquela pessoa. Porém, se pararmos para pensar, isso é bem contraditório visto quanto mais cedo você interferir, menor a chance de ter que tomar uma medida mais drástica para resolver uma situação.
Ademais, faz parte do papel dos líderes ensinar quais são as expectativas em relação não só à performance mas também ao comportamento no trabalho. Vale ressaltar aqui que simplesmente falar 'seja respeitoso com as pessoas' ou 'tenha uma postura profissional' não é o suficiente. É preciso estabelecer um código de conduta e ética, com descrições e exemplos que ajudem os funcionários a entender exatamente o que é e não é aceitável - de forma clara e sem muito espaço para interpretação. Além disso, os funcionários devem ser incentivados a relatar casos de bullying e devem ter a garantia de que serão protegidos pela empresa.
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