Inclusão de A a Z: o que é heteronormatividade e homofobia

Existem diversas abordagens para falar sobre  Diversidade e Inclusão, e a discussão chegou no mundo corporativo com força. Um novo mercado de D&I está se formando como reflexo dos avanços sociais que vivemos e estar por dentro desta mudança é necessário. 

Além da chegada das novas gerações, que trazem novos ideais para o cenário, movimentos como o #metoo e o #blacklivesmatter fomentaram esta discussão a nível global. Empresas começaram a entender que não existe mais espaço para culturas organizacionais não inclusivas, mas é essencial que a mudança venha de dentro para fora.

Assim como tudo que é novo e propõe desconstruções, é normal que dúvidas surjam. Práticas de Diversidade e Inclusão, por exemplo, trazem para o dia a dia alguns termos que não eram comumente usados. Pensando nisso, a SafeSpace criou o dicionário “Diversidade e Inclusão de A a Z”, que pode ser baixado neste link. Em um só material, você encontra várias definições que vão te ajudar neste aprendizado.

Por aqui, todo mês exploramos algumas palavras que estão por lá. Assim, além de saber seus significados, você pode entender suas aplicações na prática. Na edição de hoje trouxemos 2 termos que compõem a letra H do dicionário: heteronormatividade e homofobia. Boa leitura!

Heteronormatividade

o que é heteronormatividade?

Heteronormatividade: do cinema, às relações cotidianas, ao mercado de trabalho.

A heteronormatividade é a ideia de que apenas relacionamentos heterossexuais - isto é, entre pessoas de sexos opostos - são considerados corretos ou normais. Como a própria construção da palavra sugere, o conceito coloca a heterossexualidade como norma na sociedade.

Dessa forma, ao colocar o “hétero” como padrão, o conceito marginaliza outras orientações sexuais, como a assexualidade, homossexualidade, pansexualidade ou bissexualidade. 

A heteronormatividade se manifesta em incontáveis momentos ao longo da vida em sociedade e ainda é uma ideia enraizada em nossa cultura. Muitas vezes de forma inconsciente, quando algum tipo de estranhamento é despertado diante de uma orientação diferente da heterossexual.

É possível dizer que a heteronormatividade é um sistema que cria regras sociais - sempre dicotômicas. Homem e mulher, feminino e masculino. Não à toa, a discussão passa pelas diferentes identidades de gênero, marginalizando todas as pessoas que não são cis

Neste sistema, ainda muito forte na sociedade brasileira, são consideradas “erradas” ou “fora do padrão” pessoas transgênero, cuja identidade é diferente do sexo biológico declarado no nascimento, e não-binárias, que não fazem parte de nenhum dos papéis associados a ideia de homem e mulher.

No ambiente de trabalho, não é diferente. Muitas construções decorrentes do sistema heteronormativo ainda são presentes em culturas organizacionais - até mesmo aquelas que divulgam a bandeira colorida no mês de Junho

Em um levantamento feito pela COQUAL comparando o ambiente de trabalho em diferentes países, 61% das pessoas LGBTQIAP+ brasileiras empregadas escondem a orientação sexual de colegas de equipe e lideranças.

  • 39% evita colegas de equipe;

  • 26% sente nervoso ou tristeza no trabalho;

  • 32% afirma ter sacrificado sua autenticidade no ambiente de trabalho.

Homofobia

A palavra homofobia significa a repulsa ou o preconceito contra a homossexualidade (como fenômeno) e pessoas homossexuais (como indivíduos). Essa é uma das formas de preconceito que existem dentro do sistema heteronormativo - que coloca a pessoa homossexual como inferior, anormal ao padrão esperado pela sociedade.

O termo “homofobia” é frequentemente usado hoje, dada a noção atual de que o combate ao preconceito é uma realidade urgente. No entanto, ao longo da história, fica claro que a homofobia faz parte das construções da nossa sociedade. 

Seguindo a linha do tempo, antes mesmo de existir um termo específico para esse tipo de preconceito, inúmeras denominações eram usadas para identificar pessoas homossexuais: pecadoras, perversas, aberrações. Sob uma visão patológica, a homossxualidade era considerada caso clínico, uma condição a ser curada.

Hoje, analisando a complexidade da homofobia, conseguimos entender que ela se dá em diversos níveis. Desde piadas e nomes com intuito de ridicularizar, até ações como violência física e assassinato. 

No trabalho, todas essas formas de agressão - por mais que sejam veladas - comprometem a construção de um ambiente de trabalho inclusivo e ético para todas as pessoas.

Na história: marcos importantes na luta contra a homofobia no Brasil

luta contra a homofobia

Dia 19 de agosto de 1983, em São Paulo, as ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) em manifestação.

Em 1980: Ocorreu o primeiro protesto do movimento no Brasil, em oposição a “higienizações sociais” da polícia militar no centro de São Paulo/SP. Nessas ações, homossexuais e travestis eram agredidos e violados. 

As escadarias do Theatro Municipal de São Paulo foram tomadas em junho de 1980, a primeira vez que se marchou contra a repressão e o preconceito à comunidade no Brasil - antes mesmo do termo LGBTfobia existir.

Em 1990: Somente em 1990, pouco mais de 30 anos atrás, a OMS (Organização Mundial da Saúde) cedeu à luta pela “despatologização” da homossexualidade - ou seja, deixou de considerar a homossexualidade como uma doença na sociedade.

O dia 17 de maio deste ano dá nome à data reconhecida hoje como o Dia Mundial contra a LGBTfobia. 

Em 1999: A Parada do Orgulho LGBT entrou para o calendário oficial da cidade de São Paulo.

Em 2011: O STF aprovou a união estável homoafetiva. 

Nessa equação, entra também a permissão à adoção de crianças por casais homoafetivos. Esta só poderia ser concedida a casais em matrimônio, ou se comprovada a aceitação jurídica da união estável de pessoas do mesmo gênero.

Além disso, ainda em 2011, casais homoafetivos passaram a poder incluir cônjuges como dependentes na declaração do Imposto de Renda.

Em 2013: o Ministério da Saúde autorizou a inclusão de pessoas do mesmo sexo como cônjuges/dependentes em planos de saúde. 

Em 2020: A doação de sangue por homossexuais foi permitida.


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