Inclusão de A a Z: capacitismo, cisgênero e colorismo. Você conhece estes termos?
Recentemente, você ouviu alguma pessoa falando sobre Diversidade e Inclusão? Se a resposta for positiva, tenha certeza que você não é a única. Um novo mercado de Diversidade e Inclusão está se formando como reflexo dos avanços sociais que estamos vivendo.
Com o surgimento de movimentos como o #metoo e o #blacklivematters, as empresas começaram a entender que não existe mais espaço para culturas organizacionais desalinhadas com o avanço social. A chegada de novas gerações no mercado de trabalho trouxe novos ideais, tornando o cenário ainda mais positivo para o desenvolvimento de estratégias de inclusão.
Quando falamos de um novo cenário, é normal que muitas dúvidas surjam. Práticas de diversidade e inclusão, por exemplo, trazem além de novas reflexões, termos que não eram comumente usados. Se você acompanha a SafeSpace há algum tempo, deve saber que criamos um dicionário para te ajudar com essa missão, chamado “Diversidade e Inclusão de A a Z” e que você pode baixar gratuitamente neste link aqui. E para complementar os aprendizados que o glossário trouxe, todo mês vamos explorar algumas palavras que estão por lá. Assim, além de saber seus significados, você poderá entender novos conceitos na prática.
Na edição de hoje trouxemos 3 termos que compõem a letra C do dicionário: capacitisimo, cisgênero (cis) e colorismo. Vamos lá?
Capacitisimo
Antes de começar a explicar este termo, faça uma análise pessoal: você já sentiu que alguém te subestimou antes mesmo de conhecer sua verdadeira capacidade? Se a resposta foi sim, então pode ser que você entenda com facilidade o significado de capacitisimo, termo usado para classificar a discriminação que ocorre com pessoas que tem algum tipo de deficiência.
Quando falamos sobre discriminação, abrimos um leque de termos que existem hoje para explicar a má prática de tratar pessoas de forma inferior levando em consideração alguma característica individual. Dentro deste conceito cabe o sexismo em relação às mulheres, o racismo contra pessoas não brancas, a LGBTfobia, o ageísmo que mira no fator idade e, como dissemos acima, o capacitismo. Mas de que forma acontece o capacitismo? Como evitá-lo?
Acreditar que pessoas com deficiência possuem capacidade inferior ou que precisam de ajuda constantemente, ainda que não tenham pedido, retrata o capacitismo muito bem, mas é preciso explorar a questão com mais profundidade. O termo é pautado na construção social de que um corpo humano só é ‘normal’ e funcional se não performar nenhum tipo de deficiência. Na prática, o capacitismo não envolve apenas ofensas verbais, olhares de julgamento ou invasões de privacidade. Também está relacionado à ausência de pessoas com deficiência em diversos espaços da sociedade, reflexo da falta de ações de inclusão e equidade.
Dicas rápidas para não cometer capacitismo:
Não presuma que alguém precisa da sua ajuda a não ser que a pessoa diga isso;
Jamais acuse alguém de ‘fingir’ sua deficiência;
Nunca toque uma pessoa com deficiência sem consentimento;
Não use deficiências, doenças ou transtornos como tentativa de ofender alguém;
Revise termos e frases que você usa no dia a dia que podem ser desrespeitoso como “está surdo?”, “mais perdido do que cego em tiroteio", “fingir demência”, dentre outros;
Não trate pessoas com deficiência como se fossem bebês ou passíveis de dó;
Procure consumir conteúdos que tenham a participação de pessoas com deficiência.
Cisgênero (cis)
Chegou a hora de explicar para quem já cansou de ver alguma pessoa se descrever como cis e não fazia ideia do que significava!
Nunca se ouviu falar tanto em identidade de gênero como agora e é por esse motivo que o termo ‘cis’ tem aparecido com tanta frequência. A sociedade finalmente está interessada em se flexibilizar e garantir respeito a todas as pessoas por serem quem são. Diante disso, explicamos: cisgênero é toda pessoa que se identificada com o sexo biológico que atribuído a ela ao nascer. Portanto, se você foi designado como menina ao nascer e sua formação psicossocial até hoje performa esse papel e faz você se encaixar no que é dito mulher, então você é uma pessoa cis.
E quem não se encaixa no papel atribuído com base no sexo biológico?
Aqui encaixam-se as pessoas trans que possuem uma identidade de gênero diferente do sexo que lhes foi designado. Inclua também as pessoas não-binárias, gênero fluído e agênero.
"Sexo é biológico, gênero é social. E o gênero vai além do sexo: o que importa, na definição do que é ser homem ou mulher, não são os cromossomos ou a conformação genital, mas a autopercepção e a forma como a pessoa se expressa socialmente" - Jaqueline Gomes em material desenvolvido para o SUS.
Colorismo
O colorismo trata-se de uma construção social racista que tem como intuito classificar a negritude de uma pessoa de acordo com a tonalidade da sua pele. Essa distinição surgiu no Brasil para perpetuar o embraquecimento da população por meio da ideia de que quando mais clara fosse a pele de uma pessoa negra, melhor a sociedade iria aceitá-la.
Infelizmente, esta construção deu certo na prática e ainda hoje quanto mais pigmentada for a pele de uma pessoa maiores são as chances dela vivenciar situações de discriminação e preconceito. Do outro lado da moeda, as pessoas negras com a pele clara passam a ser vistas com olhar de aceitação por pessoas brancas porem nunca em patamar de igualdade. Neste caso o colorismo é exercido como forma de reforçar a ideia de que quão mais clara a pele, melhor.