Existe uma relação entre a satisfação da sua equipe e o nível de fraude corporativa na empresa?

Cofres de porquinho com um deles bravo

Seja um gasto indevido no cartão corporativo, vazamento de dados internos ou favorecimento de fornecedores, mais de 70% das maiores empresas do Brasil já tiveram que lidar com algum caso de fraude corporativa. De acordo com uma pesquisa de 2020, a frequência de fraudes internos triplicou e a tendência é que esse número cresça ainda mais.

Fraude ocupacional é definido como:

Se aproveitar da sua ocupação profissional para enriquecimento pessoal por meio do uso indevido deliberado dos ativos ou recursos da organização empregadora.

Este estudo estima que o valor total resultante de fraude ocupacional no mundo todo chegue na casa dos sete bilhões de dólares e o custo mediano de cada caso fica em torno de cento e trinta mil dólares. Das 2869 fraudes analisadas, apenas 19% haviam sido cometidos por diretores ou proprietários da companhia mas o custo médio de cada caso dos executivos era de 850 mil dólares.


O triângulo da fraude corporativa

Especialistas desenvolveram um framework para (tentar) destrinchar o que leva alguém a cometer fraude. O triângulo de fraude funciona assim:

triangulo de fraude

Oportunidade é a circunstância que permite que um caso de fraude ocorra. Por exemplo, sistemas internos sensíveis sem níveis de acesso e aberto para todos ou sistemas operacionais sem rastreamento de movimentações. 

Incentivo, também chamado de pressão, é o que motiva o funcionário a cometer o fraude. Por exemplo, um bônus atrelado a métricas de performance, pressão de investidores ou até pressões pessoais, como acúmulo de contas a pagar, sustentar algum vício, etc.

Racionalização é a justificação encontrada para cometer o fraude. Alguns exemplos são "a alta diretoria também está fazendo" ou "estão me tratando injustamente". 

 
5 estrelas apoiadas indivualmente sobre degrau de madeira
 

A relação entre incidentes de fraude e a satisfação das pessoas no trabalho

Vários fatores influenciam a satisfação de funcionários, como liderança da empresa, estabilidade financeira, nível de engajamento, senso de propósito, sentimento de comunidade, entre outros. Empresas podem tomar diferentes ações para tentar melhorar esse sentimento no geral, mas não é possível controlar todos os fatores e a importância de cada um varia entre pessoas. Porém, uma coisa é certa: funcionários insatisfeitos perdem a admiração, e eventualmente, o respeito pela empresa. A partir daí, a motivação para ir adiante com algum tipo de fraude é mais forte. 

Claro que não são todos os funcionários infelizes com a empresa que irão cometer algum tipo de fraude, inclusive, a maioria não comete, da mesma forma que pode haver funcionários satisfeitos que cometem fraude. Por isso, é importante entender como a insatisfação no trabalho se encaixa no triângulo da fraude corporativa: a partir do momento que a pessoa tem um incentivo ou pressão para cometer o fraude, fica muito mais fácil dela justificar (ou racionalizar) o processo. 

Felizmente, existe o outro lado da moeda. Um estudo aponta que 40% dos casos de fraudes descobertos pela empresa foram graças à denúncias anônimas de outros funcionários. Isso prova pessoas que estão satisfeitas e felizes no trabalho podem ser ótimas aliados para combater esse tipo de problema, contanto que a empresa forneça as ferramentas necessárias para relatar comportamentos estranhos sem comprometer a segurança ou identidade do próprio funcionário. Implementar um canal de denúncia que funcionários confiem é um ótimo jeito de incentivar esse tipo de comunicação. Também, é importante que empresas monitorem ativamente o clima geral da equipe e tomem iniciativas para aumentar engajamento no dia-a-dia.


 
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