O que é PGR? Guia rápido para profissionais de RH

Se você é um profissional de RH, já deve ter percebido que a segurança e a saúde no trabalho estão cada vez mais ligadas à atuação estratégica desta área. E nesse cenário, o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) ganhou destaque, principalmente após a atualização da norma regulamentadora 1. Essa atualização tem o objetivo de trazer mais proteção e segurança, tanto física quanto mental, para a saúde dos trabalhadores brasileiros, tratando o ambiente de trabalho como um todo.

Mas afinal, o que exatamente é o PGR? Como ele funciona? E, principalmente, qual é o papel do RH nesse processo?

Esse programa vai muito além do setor de segurança do trabalho, e tem um potencial enorme de impactar diretamente a forma como a empresa cuida das pessoas, evita acidentes e cria um ambiente mais saudável e produtivo.

Neste artigo, você vai entender mais sobre os seguintes pontos:

  • O que é o Programa de Gerenciamento de Riscos;

  • A estrutura do PGR;

  • Quais etapas estão envolvidas;

  • Formas do RH colaborar com o PGR.

Boa leitura!


 

O que é o PGR e por que o RH deve entender sobre isso?

Com toda essa agitação em torno da NR-1 e as discussões sobre ambiente de trabalho saudável e a responsabilidade das empresas, com certeza você já deve ter ouvido falar em PGR. Essa sigla representa o Programa de Gerenciamento de Riscos, um conjunto de ações e medidas que devem ser adotadas pelas empresas com foco em identificar, avaliar e controlar os riscos e fatores de riscos presentes no dia a dia de trabalho de seus colaboradores.

Imagine que o PGR é o seu mapa de navegação em alto-mar: enquanto profissionais de RH e lideranças ajudam a conduzir o barco pelas rotas do dia a dia, o Programa de Gerenciamento de Riscos direciona e ajuda a identificar tempestades à frente, contornar obstáculos e garantir que todos cheguem ao destino em segurança.

O programa é obrigatório por lei para todas as empresas que seguem o regime CLT e começou a valer em 3 de janeiro de 2022, quando entrou em vigor a nova NR-1, que fala sobre as regras gerais e o gerenciamento de riscos no ambiente de trabalho.

Mas tem uma exceção: microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) com grau de risco 1 ou 2 podem ficar isentas, desde que não tenham riscos que exijam controles específicos definidos por outras normas.

O PGR não é um documento qualquer, ele precisa ser elaborado por profissionais especializados e deve reunir tudo o que diz respeito aos riscos na empresa. Isso inclui:

  • Quais são os riscos nas atividades diárias;

  • Que medidas de prevenção e controle já estão sendo adotadas;

  • O que fazer em caso de acidentes;

  • Como esses riscos serão acompanhados ao longo do tempo.

Mas não adianta montar o PGR e deixar parado na gaveta. Ele precisa ser atualizado com frequência, garantindo que as informações estejam sempre corretas e que as ações de prevenção realmente estejam funcionando na prática.

E onde entra o RH nessa história? 

O setor tem um papel super importante no levantamento de riscos, podendo ajudar a mapear funções, cargos e ambientes de trabalho, além de relatar situações recorrentes, queixas dos colaboradores e possíveis sinais de que algo não vai bem. Ou seja, o RH é uma peça-chave para conectar o que está no papel com a realidade vivida pelas pessoas.

Entenda a estrutura do PGR

O gerenciamento de riscos ocupacionais é a principal exigência da NR-1 e o Programa de Gerenciamento de Riscos é o que materializa o GRO através de documentos físicos ou por sistema eletrônico. Ele tem um papel fundamental na prevenção de acidentes e na proteção da saúde das pessoas colaboradoras.

Enquanto o GRO envolve processos mais amplos, como a identificação, avaliação e controle de riscos, o PGR vai tratar das documentações.

Todo PGR deve conter obrigatoriamente dois documentos:

Inventário de riscos: um registro completo e atualizado de todos os riscos ocupacionais identificados, detalhando sua natureza (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos e psicossociais), magnitude e potencial de dano.

Algumas informações são obrigatórias no inventário e ajudam a construir um panorama completo dos riscos presentes no ambiente de trabalho, são elas:

  • Descrição dos processos e ambientes de trabalho;

  • Caracterização das atividades;

  • Identificação dos perigos e possíveis danos à saúde;

  • Análises e monitoramentos;

  • Avaliação de riscos;

  • Critérios utilizados.

Plano de ação: um plano que define as ações a serem tomadas para eliminar ou controlar os riscos, com prazos, responsáveis e recursos alocados. Esse plano deve ser revisado periodicamente para garantir sua eficácia.

Como preparar um PGR passo a passo

➡️ Etapa 1 - identificação de riscos: reconhecer as fontes ou situações com potencial para causar danos. Isso pode ser feito a partir de observações e entrevistas com os colaboradores.

➡️ Etapa 2 - avaliação e inventário de riscos: analisar e documentar a probabilidade de ocorrência e a gravidade dos danos dos riscos identificados. Essa etapa é essencial para entender o que é crítico e deve ser priorizado no plano de ação.

➡️ Etapa 3 - desenvolvimento do plano de ação: definir e implementar medidas de prevenção e controle para mitigar os riscos.

➡️ Etapa 4 - gestão contínua do PGR/GRO: monitorar, revisar e aprimorar o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) de forma contínua.


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3 ações que o RH pode começar hoje para colaborar com o PGR

Embora tradicionalmente associado à área de Segurança do Trabalho, o sucesso do PGR depende da colaboração ativa de outras áreas, e o RH é uma das mais estratégicas nesse processo. A seguir, você vai ver três ações simples que o RH pode colocar em prática para contribuir com um PGR mais eficaz e alinhado à realidade da empresa.

1. Verifique a descrição de cargos e riscos associados
Comece revisando se todos os cargos da empresa estão formalmente descritos, com suas respectivas atividades e os riscos envolvidos. Isso é essencial para que o inventário de riscos do PGR esteja completo e reflita a realidade do dia a dia dos colaboradores. O RH pode ajudar a atualizar essas informações com base em entrevistas e observações de rotina.

2. Valide exames e treinamentos obrigatórios
Certifique-se de que os exames ocupacionais estão em dia e que todos os treinamentos de segurança, integração e específicos por função foram realizados e registrados. Manter esses dados atualizados demonstra conformidade com a legislação e reforça o compromisso com a prevenção.

3. Organize e documente indicadores-chave
A responsabilidade pelo PGR é compartilhada entre SESMT, RH e liderança. Além disso, é importante que esses profissionais envolvidos tenham um bom alinhamento para revisar em conjunto o plano de ação do PGR. Uma das formas que o RH pode contribuir é com dados sobre clima organizacional, absenteísmo, denúncias e pontos de atenção que talvez não estejam visíveis nos documentos técnicos.

Além dessas ações práticas, o RH também deve atuar na construção de relações de confiança entre colaboradores, liderança e demais áreas, garantindo que regras e processos sejam claros, compreendidos e respeitados por todos. Quando as pessoas confiam no sistema e entendem os benefícios das ações propostas, o engajamento aumenta.

Outro papel fundamental do RH é a promoção de uma cultura organizacional saudável, humanizada e coerente com os valores da empresa. Isso inclui reforçar políticas como o código de conduta, práticas de compliance e estratégias de prevenção a assédio e conflitos. Esses elementos não só protegem a empresa, como também resguardam os colaboradores.

Com pequenas atitudes e uma atuação estratégica, o RH fortalece a cultura de segurança e se posiciona como protagonista na construção de ambientes mais seguros, saudáveis e preparados para o desenvolvimento integral de todos.



A área de RH não é apenas um coadjuvante, mas sim um agente transformador na implementação e no fortalecimento do Programa de Gerenciamento de Riscos. Ao trabalhar em conjunto com o SESMT e a liderança, o RH conecta as exigências legais à realidade humana da organização, promovendo ações que vão além do papel 

Nesse cenário, ter um canal de denúncias eficiente, sigiloso e acessível é fundamental. Ele é a forma mais direta de identificar e tratar problemas psicossociais, como assédio e conflitos interpessoais. Além disso, esse canal é uma fonte valiosa de dados que complementam os levantamentos formais do PGR.

Mais do que uma obrigação, essa é uma oportunidade para o RH liderar um movimento de cuidado, prevenção e desenvolvimento. Assim, a empresa constrói uma cultura organizacional onde a segurança se torna um pilar central da sua estratégia.


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