Inteligência Emocional: como ela pode te ajudar a combater preconceitos
O termo inteligência emocional se refere a um padrão de características que definem se uma pessoa consegue lidar bem com as próprias emoções. A teoria vem ganhando popularidade nos últimos tempos e junto a isso causado verdadeiras revoluções nos mais diversos perfis de pessoas. E não é para menos, os pilares que definem como ter inteligência emocional parecem ferramentas de fato muito úteis para tornar uma pessoa bem sucedida em qualquer área da vida.
Mas e quando pensamos especificamente na capacidade do ser humano de reproduzir comportamentos preconceituosos. Seria a inteligência emocional algum tipo de combustível para a desconstrução de estereótipos e promoção de uma sociedade mais justa?
A própria natureza da inteligência emocional induz que sim. Por isso traçamos um paralelo entre características da inteligência emocional e o processo de desconstrução de preconceitos e vieses inconscientes. Confira!
Os 5 pilares da inteligência emocional
Conhece-te a ti mesmo
O primeiro pilar da inteligência emocional fala sobre se conhecer. Não apenas saber sua cor preferida ou qual molho você sempre pede no macarrão. É sobre estar constantemente observando os próprios pensamentos e sentimentos, entender o que te causa determinadas emoções e nomeá-las.
Quando falamos sobre um processo de desconstrução, ou seja, de quebra de preconceitos, primordialmente precisamos assumir que eles existem dentro de nós, percebê-los. Isto é se conhecer. Este é o motivo pelo qual deixar de falar sobre um problema, como o racismo por exemplo, não fará com que ele deixe de existir. Para perceber algo em si e no próximo, conhecer as características que estão por trás é crucial . Através da comunicação e da troca de percepções isso é feito. Mas é claro que apenas ser consciente de seus julgamentos internos não farão com que mudem ou deixem de existir, por isso…
Saber se controlar é fundamental
Uma vez que nossos sentimentos e emoções são mapeados e entendidos começa-se o processo de auto observação. A principal função desta auto observação é te fazer perceber como e quando sua mente reage diante das situações e quais são os gatilhos que disparam suas reações, das mais pacíficas e amorosas até as mais calorosas. A partir daí você terá autonomia para controlar a maneira como as emoções irão te afetar.
Mas faz sentido dizer que os preconceitos podem ser diminuídos a partir desse pilar? Sim, e muito. Pare para pensar: Um viés inconsciente, que pode ser preconceituoso, tomará menos espaço em seu dia-a-dia se você torná-lo consciente e evitar que ele te controle.
Na verdade, se você submergiu e aceitou um processo de desconstrução, controlar ações e falas preconceituosas bem como os gatilhos que as disparam é muito importante. Pense no seguinte exemplo - Atravessar a rua ao avistar uma pessoa negra - Por que você atravessou a rua? Provavelmente por te causar medo. O medo foi mapeado. Você realmente está em uma situação de perigo? Aquela pessoa te fez algum mal ou deu algum sinal de que poderia fazê-lo? Se a resposta foi não, você deverá controlar este medo irreal ao invés de permitir que ele te controle e faça você atravessar a rua.
Aceite a automotivação
Quantas vezes na vida ficamos esperamos que situações externas nos motivem a mudar e a agir? Temos essa falsa impressão de que primeiro a motivação externa precisa vir para só então sentirmos internamente. Isto não é produtivo e nem inteligente. Dentro da teoria da Inteligência Emocional, a capacidade de automotivação é valiosa. É através dela que você prosseguirá com seus planos e projetos com maior fluidez e eficiência.
Para o contexto da desconstrução funciona da mesma forma. Pessoas com inteligência emocional mais bem trabalhada reconhecem que a mudança precisa vir de dentro para então alterar o que existe ao redor, isso inclui falas e atos. Se motivar no caminho da desconstrução é buscar sempre por materiais de estudo, por conversas que podem ser desconfortáveis mas que trazem reflexão.
A automotivação se torna ainda mais necessária quando você percebe que a quantidade de preconceitos e privilégios enraizados podem ser imensos e que desapegar deles não é caminho florido, requer consistência, humildade e muita vontade.
A empatia que tanto falta
O quarto pilar é o da empatia, que significa mais do que “calçar o sapato dos outros.” Ter empatia é ter a capacidade de perceber e compreender as emoções e situações segundo a perspectiva de outra pessoa. No entanto, para que você possa efetivamente ter empatia é necessário se despir de seus julgamentos, crenças, dos seus valores e da sua forma de ver o mundo. Lembre-se que sua jornada pode ser completamente diferente da de outra pessoa.
A empatia parece importante para se despir de preconceitos, não é? Deveria ser a primeira motivação, algo como: “Minha fala discriminatória pode ofender outra pessoa.” Mas precisamos ir além para de fato entendermos como melhorar. Isto porque até mesmo falas que podem não se apresentar como discriminatórias ou nem mesmo carregar essa intenção, são ofensivas de acordo com o ponto de vista ou vivência. Deixo um exemplo: dizer a uma pessoa de cabelo liso que ela tem um “cabelo ruim” é diferente de dizer a mesma frase a uma pessoa de cabelo crespo e cacheado porque existe um contexto social que traz um grande peso a essa narrativa.
Se despir de preconceitos e buscar ser uma pessoa melhor é um caminho que passa pela empatia de forma ativa e requer constante trabalho interno para entender que uma “tempestade em copo d'água" ou um “mimimi” para uma você pode ser algo que ative diferentes gatilhos na outra pessoa.
E chegamos a aptidão da interpessoalidade
A interpessoalidade por si só já é um tipo de inteligência cognitiva, como ter noção de espaço ou ser bom em Matemática. Ela é caracterizada pela habilidade de se relacionar com diversos tipos de pessoas e grupos, transitar entre eles mantendo boas relações e saber respeitá-los.
A descrição de interpessoalidade já é bastante intuitiva sobre o porquê ela é importante para se despir de preconceitos e se desconstruir. Mas vamos explorar um pouco mais. Saber se relacionar com pessoas diferentes de você não se trata apenas de saber falar com educação e simpatia. Trata-se de perceber como o mundo funciona para aquela pessoa e descobrir como você pode somar ao invés de dificultar ou causar sensações negativas. Se tornar flexível para escutar e oferecer o seu melhor lado independente de qualquer característica alheia. Dessa forma todo espaço coletivo que você habitar, terá a sorte de contar com sua presença.
Todas as pessoas podem trabalhar a sua inteligência emocional para desconstruir preconceitos
Se desconstruir não é simples ou fácil, sabemos disso. Mas existem ferramentas que podem ajudar no processo e a inteligência emocional é uma delas. Ao refletir sobre esses pilares e como se conversam entre si, você terá uma fonte de impulso para se tornar uma pessoa melhor.
Nenhum espaço coletivo, seja de lazer ou de trabalho, será seguro para todas as pessoas se alguma delas não se sentir respeitada e confortável em fazer parte dele. É papel de cada indivíduo estar ativo para que um #safespace torne-se possível. Viva seus dias com isso em mente e tenha certeza que você sua liderança se tornará mais efetiva, suas relações serão mais leves e seus planos mais fluidos.