Minha empresa é mal avaliada pelas pessoas colaboradoras: como mudar?

empresa mal avaliada

As empresas estão mudando. Você tem percebido? Nos últimos anos, a preocupação com a cultura organizacional passou a ocupar um lugar de destaque em estratégias de negócios. Se preocupar com o bem estar de um time é pré-requisito para toda boa organização. 

Profissionais de todas as áreas e setores do mercado apoiam os avanços em cultura organizacional. Afinal, é fácil perceber que pessoas colaboradoras contentes com seu trabalho são mais produtivas e criativas. Já para as empresas, quanto maior o nível de felicidade da equipe, maior é o avanço na bolsa de valores.

Com tantos canais online abertos e uma audiência preparada para acolher a opinião pública de variadas formas, as organizações precisam direcionar esforços para que um problema possa ser visto e resolvido de forma interna, antes que alcance os algoritmos. E se sua empresa já foi mal avaliada na internet, saiba que ela não foi a única. Neste artigo vamos falar mais sobre isso. 


Da mesa de jantar para as redes sociais

Vamos supor o seguinte cenário:

Em um jantar estão reunidas algumas amizades. Em algum momento, começam a conversar sobre trabalho e, claro, na roda tem aquela pessoa que está infeliz com sua atual experiência. Essa insatisfação rapidamente se transforma em um fio condutor que abre espaço para mais pessoas ali escancararem o que desagrada em seus empregos.

As reclamações transitam desde salário incompatível e acúmulo de funções até vivências de assédio. Por fim, todos acabam envolvidos pelo assunto, se comovem pela angústia e até sugerem ações para lidar com a questão. (Podemos incluir aqui até mesmo aquela pessoa advogada que sugere processar a empresa.)

Este é um cenário próximo da realidade e se você nunca foi a pessoa a expor as insatisfações, é provável que conheça alguém que tenha exposto. Afinal, é bastante comum se deparar com profissionais descontentes com a empresa em que trabalham e que compartilham suas insatisfações e desabafos com as pessoas ao seu redor.

Hoje, porém, a internet faz com que as empresas precisem ligar um radar de preocupação até mesmo para essas conversas de mesa de jantar. Ou melhor, para todos esses apontamentos que poderiam ser feitos em uma mesa de jantar. Essas críticas, além de indicarem algum problema estrutural que passa despercebido pela Gestão, podem ir facilmente para as redes sociais e expor a cultura interna. 

A exposição no mundo online já é uma realidade para as empresas. O aumento de usuários ativos no LinkedIn não deixa dúvidas, e a tendência é aumentar! E quando falamos de expor empresas em redes, passamos também pelos trends do Twitter, stories do Instagram e até vídeos do TikTok. E, claro, não podemos deixar de citar o Glassdoor, antigo site LoveMondays, que reúne críticas e resenhas de colaboradores sobre o dia a dia em milhares de empresas ao redor mundo, com espaço para falar sobre remuneração, benefícios, cultura de processos seletivos, dentre outras especificidades laborais. 

como melhorar a cultura organizacional

Por que as avaliações negativas acontecem

Passamos uma boa parte da vida trabalhando. Então é esperado que em algum momento, situações relacionadas à cultura da empresa entrem em conflito com a nossa cultura pessoal ou com a forma que desempenhamos as funções. Naturalmente, os ambientes de trabalho, sejam estes físicos ou online, carregam conflitos interpessoais porque abarcam a vivência de pessoas diferentes, que não se conheciam e talvez não viessem a se conhecer senão pelo trabalho. 

No final das contas, a reputação da empresa também é baseada em aspectos de convivência coletiva. Inclusive, por esse motivo é tão importante que cada organização tenha seu próprio código de ética e conduta, para que as perspectivas pessoais das pessoas colaboradoras possam conviver de forma respeitosa. Entretanto, nem sempre é fácil quando as coisas fogem do esperado pela cultura organizacional implementada na empresa.

Além dos pontos citados acima, que podem estar fora do controle das lideranças da organização, as principais insatisfações relatadas por pessoas colaboradoras tratam-se de situações tangíveis, que podem ser evitadas. O primeiro indicador de possível insatisfação é um salário incompatível com o mercado de trabalho, muitas vezes em conjunto com ambiente físico inadequado e escassez de materiais para a execução de atividades. Contudo, as principais questões são aquelas relacionadas à má gestão e liderança como: 

  • Ausência de plano de carreira ou de perspectiva de crescimento;

  • Falta de reconhecimento profissional;

  • Acúmulo de funções e sobrecarga

  • Ausência de feedbacks construtivos;

  • Abusos de poder, como assédio moral e sexual;

  • Ausência de espaços de comunicação e de escuta;

  • Problemas de relacionamento com a liderança ou com a equipe

Repare como os motivos citados, de forma direta ou indireta, podem prejudicar não só a eficiência das pessoas colaboradoras no dia a dia, como também sua vida pessoal. De que forma? Fazendo com que essas pessoas desenvolvam baixa auto estima, não tenham perspectiva de mudança de vida e independência financeira, servindo como ponte para insegurança e conflitos mentais, as submetendo a constantes situações de estresse e dentre tantos outros fatores, fazendo-as se sentirem inadequadas de serem quem são. E a partir daí, a teia para uma crítica negativa é construída.


Como saber como vai o clima na minha empresa

Liderar uma equipe, cuidar da cultura organizacional ou gerir um negócio pode ser desafiador, ainda mais quando não se tem visibilidade de como vai o clima na empresa. Hoje, existem  alguns termômetros que indicam, com base na experiência das pessoas colaboradoras, como as coisas estão indo. Veja:

Pesquisa de Clima Organizacional

Essa é uma ferramenta que busca encontrar problemas na gestão de pessoas e mapear percepções da equipe. A pesquisa de clima organizacional ajuda a compreender se a cultura organizacional colabora ou prejudica o engajamento no trabalho, e possibilita sugestões por parte de participantes para resolução dos conflitos e pontos de insatisfação levantados. Utilizá-la pode ser uma boa estratégia para providenciar melhorias na qualidade entregue pela empresa às pessoas e nas políticas internas, além de possibilitar geração de novas ideias. Existem vários modelos de aplicação, mas geralmente é realizada por meio de um questionário que aborda o ambiente físico, remuneração, qualidade de vida, comunicação interna, relações com liderança e equipe, assinalado de forma anônima pela pessoa colaboradora. Pode ser elaborada e analisada pelo RH da empresa ou por uma consultoria especializada.

Entrevistas de Desligamento 

Esse procedimento consiste em realizar uma série de perguntas sobre as experiências da pessoa desligada ou que se desligou da empresa, e é de grande relevância para compreender alguns comportamentos da equipe. Nos casos de desligamento espontâneo, por exemplo, é essencial para compreender as motivações que levam a pessoa a buscar outras oportunidades e para analisar sua opinião acerca de todos os aspectos da organização (desde infraestrutura até relacionamento com a gestão ou diretoria).

Espaços de Comunicação e Escuta ativa

A criação de um espaço seguro para que todas as pessoas colaboradoras possam compartilhar suas opiniões de melhoria é super importante e faz com que o RH e o Compliance estejam um passo à frente em situações de má conduta. O ideal é que exista um canal, como o Canal de Escuta da SafeSpace, que deixe as pessoas colaboradoras confiantes e seguras em relatar as situações incômodas no dia a dia antes que se tornem problemas maiores. Mas para isso é necessário um modelo inovador de canal, pois os tradicionais 0800 se mostraram ineficazes todos esses anos. Um canal que converse com a realidade digital em que vivemos, que crie proximidade e uma usabilidade amigável à pessoa colaboradora, é essencial.

cultura organizacional tóxica

Existem abordagens para resolver o problema

Se você chegou até aqui e se deu conta que sua empresa pode estar sendo mal avaliada, saiba que é possível mudar essa realidade. Já existem até softwares focados em aumentar o nível de satisfação de times e equipes, sem falar na grande quantidade de estratégias discutidas no mercado para lidar com gerenciamento de crises. Separamos alguns softwares que podem te ajudar:

Trabalhar o employer branding é fundamental para atrair e reter talentos, tendo como resultado um número mais expressivo de pessoas colaboradoras que se mostram felizes e satisfeitas com o trabalho. Quanto melhor a percepção dessas pessoas em relação à organização e a cultura, melhor será o engajamento com os objetivos da empresa. O resultado final? Avaliações positivas. 

Para desenvolver o employer branding a comunicação interna é um quesito de grande importância. Além disso, profissionais que se sentem parte integrante da empresa e de seus ganhos trabalham felizes e oferecem o seu melhor. Algumas empresas conseguiram aumentar o nível de satisfação e pertencimento dentro da equipe e trabalhar positivamente a cultura interna.

A Best Buy é um ótimo exemplo de sucesso nesse âmbito. Ao observar suas taxas elevadíssimas de turnover, a empresa resolveu investir em uma rede social corporativa  chamada Blue Shirt Nation. Com isso, foi criado um ambiente colaborativo e de comunicação aberta, que resultou em uma queda significativa na rotatividade.

A Toyota também é um exemplo de comunicação de sucesso. Ao entrar na empresa as pessoas colaboradoras são intensamente treinadas sobre a cultura organizacional durante cinco meses. Passado esse período, consideram que qualquer profissional esteja apto a sugerir melhorias para o cotidiano da empresa.

Apresentamos dois exemplos distintos que têm como ponto central a valorização à comunicação. Não existe uma receita ou solução universal para implantar melhorias, o que realmente importa é aplicar ações criativas que façam sentido para a empresa e pessoas que a compõem, possibilitando o engajamento e participação de todas elas.

código de conduta para empresas

Empresas com culturas perfeitas existem?

Assim como existe um ditado que diz que é impossível agradar a todo mundo, o mesmo vale para culturas empresariais. A sua empresa dos sonhos pode não ter nada a ver com o  que outras pessoas idealizam para um ambiente de trabalho. Porém, existem algumas características que encantam qualquer profissional. Você já ouviu falar no ranking “Great Place to Work Institute (GPTW)”? O ranqueamento elenca anualmente 100 empresas classificadas como melhores lugares para se trabalhar, levando em consideração:

  • Clima organizacional

  • Remuneração e benefícios

  • Oportunidades de crescimento

  • Infraestrutura

  • Transparência na gestão

  • Diversidade

Duas boas empresas que podem ilustrar a questão da diversidade, por exemplo, são a IBM Brasil - que foi classificada como a primeira no ranking deste ano na temática LGBTQI+ - e o Mercado Livre, que está em primeiro lugar entre as grandes empresas ótimas para o público feminino.

Outras organizações classificadas como GPTW são a Cora, a Gupy, a Lambda3, a Rebel e o Delivery Center, que inclusive usam o canal de escuta da SafeSpace para melhorar employer branding e garantir que todas as pessoas colaboradoras tenham um espaço seguro de acolhimento para contar como se sentem em relação a organização e sua Gestão.

Por fim, podemos concluir que não existe fórmula mágica para evitar avaliações negativas, porém existem esforços e até exemplos para se basear. Lembrando sempre que uma regra universal é respeitar  todas as pessoas e oferecer suporte para que sejam quem são. Essas são as condições mínimas para que alguém desempenhe qualquer função com determinação.


 
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